No qual desvendo uma conspiração em nível mundial que, dentre outros efeitos, prejudicaria a candidatura de Barack Obama. Porém não faço nada sério a respeito.
- É subversivo ou não é? - Alex sorriu confiante.
- Subversivo?
- É.
Depois de um breve suspiro em que também desviei o olhar de Alex, sentenciei: - Não é não, cara. Até o Brad Pitt já fez isso.
- Que que tem o Brad Pitt? - disse ele incrédulo.
- Não é o Brad Pitt, Tom Cruise ou o Papa, Alex. O lance é que se alguém já fez, não é mais válido como subversão, é imitação.
- Você quer dizer que minha idéia não é subversiva só porque um idiota a botou em prática em um filme?
- Não, não é nada disso. Quer dizer, em parte não é nada disso. Escuta, Alex, olha bem pra mim e presta atenção - enquanto dizia isso, aproximei o indicador e o dedo médio dos meus dois olhos, enfatizando o que dizia. - veja esse jornal, por exemplo, o que você vê? Só violência e corrupção, que trata-se também de violência indireta. Por que seria subversivo criar um “clube da luta” aqui? Nós já temos violência o suficiente, saia na rua e veja, homem!
- Mas é subversivo!
- Não é não. Ghandi é subversivo. Jesus é subversivo. Na sociedade totalitária e maluca de hoje, só a paz é subversiva.
- Eu não quero acabar pregado numa cruz.
- Pst, maldita juventude anos 2000. Só quer os louros da guerra, mas na hora de tomar um tiro no rabo fica reclamando. Escuta - parei hesitante - subversivo é o que os Estados Unidos vêm fazendo desde 2001 para o Obama.
- Obama? O candidato dos democratas?
- O candidato à candidato dos democratas.
- Isso, o negão aquele...
- É, esse mesmo. Não percebeu a tramóia?
- Tramóia? - Alex inqueriu-me.
- É! Obama é quase igual a Osama. Aquele mesmo, Osama Bin Laden. O tiozão das torres.
- Bom, agora que você falou, até que é parecido com Osama.
- Claro.
- Mas e daí?
- E daí que os estados-unidenses dominam há décadas a mídia de massa, os caras sabem como martelar idéias dentro da frágil mente do estado-unidense médio. Eles subverteram tudo. Esse lance de culpar Osama Bin Laden pela queda das torres gêmeas, isso era só pra martelar o nome “Osama” na mente das pessoas durante todos esses anos, pra quando chegasse a vez do Senador saidinho Barack Obama, ele sofresse as conseqüências dessa ligação.
- E o que eles ganham com isso?
- O Obama teria muito mais dificuldade pra se eleger, afinal, a ligação Obama com Osama é óbvia e certamente todo mundo faria. Só aí os Republicanos teriam uma chance de eleger seu candidato e chutar o rabo dos democratas por mais 4 anos.
- Não seria mais fácil matá-lo?
- Bom, eles são muito espertos. Matam o Obama e um outro negão surge e se elege. Não funcionaria. Se bem conheço os Republicanos, eles derrubariam suas próprias torres, culpariam um barbudo qualquer com olhar alucinado e que balbucia coisas em uma língua que ninguém entende direito e tocariam o horror no Oriente Médio, para sair do atoleiro econômico. Todo mundo sabe que a guerra dá grana pros Istaites ov América. Assim eles venderiam armas, ganhariam o petróleo, sodomizariam o Sadam, encheriam o saco de um árabe barbudo, abririam espaço pra um novo shopping center no lugar daquelas torres idiotas e, de quebra, acabariam com as chances de um negão assumir a presidência.
- Tudo isso pra impedir um negão de ser presidente?
- Claro! Nazismo americano, típico dos reacionários republicanos.
- Sabe, você deveria escrever um livro.
- É, eu sei.
- E por que não tenta?
- Eles me pegariam.