fevereiro 01, 2008

Pinóquio

"Uma fábula moderna para os conturbados tempos contemporâneos de hoje em dia"
- New York Times

"Uma crítica contundente à política do governo petista"
- Veja

"O brado da esquerda contemporânea contra a dieta imagética da burguesia"
- Guardian

"O outro lado da moeda"
- Economist

"O retrato do que o PSDB produziu como valores para este país"
- Carta Capital

"A queda da falácia estadunidense de que Free Willy não comeria o garoto"
- Le Monde

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Pinóquio era um guri nascido em uma família de classe média de descendentes de italianos. Tinha esse apelido tinhoso porque mentia adoidado, feito aquele boneco de madeira criado pelo carpinteiro com fetiches à moda Michel Jackson. Não ajudava também aquele narigão que tinha, nem tampouco seu estilo durengo de dançar o funk. Mas, falemos a verdade, nada disso importou tanto para o estabelecimento do apelido quanto o fato de mentir descaradamente, o moleque sem-vergonha.

No início seus pais não gostavam como seus amiguinhos se referiam a ele, até que finalmente as mentiras do filho se tornaram tão evidentes e tão freqüentes que nem mesmo seus genitores podiam evitar chamá-lo de Pinóquio, o mentiroso.

- Pinóquio, lave as mãos antes de comer.
- Já lavei, mãe.

- Pinóquio, já fez a lição de casa?
- Sim, papai.

- Pinóquio, onde você estava?
- Na casa do Tavinho.

- Pinóquio, o que aconteceu com o vaso da dinastia Ming?
- Não sei!

E assim por diante, Pinóquio falava uma mentira atrás da outra (sempre com muita convicção), sem se preocupar se seria pego ou não, já que seus país faziam vista grossa. Seus pais tentavam convencer-se de que o caráter da criança estava em formação, logo não fazia mal uma ou duas mentirinhas - mesmo que no caso fossem uma ou duas mil mentirinhas.

O tempo passou. Pinóquio cresceu. E o apelido o deixou ao mesmo tempo em que ele saiu da casa dos pais pra estudar ciências sociais na faculdade federal (que só conseguiu entrar aproveitando-se do sistema de cotas, declarando-se “pardo”, mesmo que tivesse passaporte italiano e olhos azuis).

O tempo, que não pára nunca, continuou passando. Pinóquio foi passando pela vida. Mentira atrás de mentira, acabou em grande estilo: Senador da República Federativa do Brasil, onde exerce seu 2 mandato consecutivo. “Um político nato, como se tivesse nascido para a política”, dizem muitas vezes dele em tom de elogio.

Já há boatos de que é um dos mais cotados para concorrer a Presidência nas próximas eleições - claro, pra isso precisará dar uma calibrada na aparência na mesa de cirurgia, remodelando o bicudo narigão.