janeiro 31, 2008

A princesa adormecida

"Uma fábula moderna para os conturbados tempos contemporâneos de hoje em dia"
- New York Times

"Uma crítica contundente à política do governo petista"
- Veja

"O brado da esquerda contemporânea contra a dieta imagética da burguesia"
- Guardian

"O outro lado da moeda"
- Economist

"O retrato do que o PSDB produziu como valores para este país"
- Carta Capital

"A queda da falácia estadunidense de que Free Willy não comeria o garoto"
- Le Monde

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Quando nasceu a filha única do rei e da rainha, não por coincidência uma pequena princesa, houve muita festa e comilança no reino em que estes reinavam. O rei, a rainha, a princesa e até mesmo o reino não tinham nomes porque o cara que inventou essa história não tinha muita criatividade. Por certo tu sabe o quão trabalhoso é criar nomes para esses personagens. Pra mim, por exemplo, é sempre a parte mais difícil. Nomes têm poder. Mas deixemos disso e vamos voltar à última notícia da Caras Corte: Rei e Rainha têm Princesinha.

Acontece que aparentemente todo filho de rei recebe 3 presentes: aconteceu com Jesus, com Hórus e com nossa Princesa. Ela recebeu três dons, que não nos cabe aqui mencionar por conta do horário e do decoro real, mas que deram muito trabalho para o pobre rei e sua rainha, porém foram a felicidade geral de toda a guarda real, nobres, plebeus e uma ou outra dama de companhia mais jeitosinha.

Além dos 3 dons vindos sabe-se lá da onde, uma bruxa malvada (que também não tem nome algum, como sabemos isso dá muito trabalho) lançou sobre ela uma maldição. A maldição era bastante simples: ao chegar aos 16 anos de idade, a princesa adormeceria em um sono tão profundo que não acordaria mais. Por que aos 16 anos, como a bruxa fez isso e com que motivação é assunto de debate entre todos os filósofos e demais vagabundos da Faculdade Real de Maconhagem, Viola e Ciências Sociais, cuja resposta mais convincente era simplesmente: “porque sim” e o argumento mais utilizado para encerrar a questão era “dois infinito”. O caso é que esse lance de maldição aos 16 anos deu mais um motivo para a princesa usar seus dons como se não houvesse amanhã - já que, pra ela, não havia mesmo.

Chegando o dia fatídico de seu aniversário, a princesa jazia na cama com sua melhor camisola. “Afinal, se era pra ter maldição, que ao menos estivesse bem vestida. O que os tablóides iam pensar se usasse aquela sua calcinha furada?”, dizia segurando uma taça de champanhe nas mãos cobertas com luvas de veludo. E não é que a bruxa estava certa? Ela realmente não acordou naquele dia.

Como era de conhecimento popular, toda maldição de bruxa poderia ser desfeita por um beijo apaixonado de um príncipe (ou um saquinho daqueles mini-chiclets coloridos, que infelizmente saíram de linha há anos e não poderiam mais ser encontrados). Porém, neste louco mundo moderno, qualquer príncipe com real sangue real inevitavelmente era um boêmio maluco (que não queria saber nada de mulheres para casar ou paixão verdadeira) ou um maricas irreversível, o que deixava tudo muito complicado.

O rei e a rainha bem que tentaram achar um pretendente, mas nenhuma dinastia parecia muito a fim de ajudar. A rainha, ironicamente, tomava muito Lexotan pra conseguir dormir, enquanto o rei preferia as visitas às damas de companhia. Logo após um paparazzo flagrar uma orgia do rei, todas as capas de revista haviam se esquecido da “princesa adormecida”.

Aí, anos depois, em uma dessas loucas guinadas do mundo, um entediado príncipe folhava umas revistas antigas enquanto esperava a hora de ser atendido pelo dentista (uma dessas coisas que nos países reais só a realeza pode pagar, vide dentição longe de exuberante do povo inglês). Ele olhou a revista com a capa da “princesa adormecida” e imediatamente se apaixonou. Quem não se apaixonaria por aquela camisola curtinha, lábios de mel e cabelos docemente desgrenhados? Imediatamente pegou um vôo para o reino (você sabe como são esses rapazinhos da realeza, muito afoitos e mimados, querem tudo pra ontem).

Chegou por lá no quarto da princesa adormecida e sem muita conversa, já que ela não era dessas que falam enquanto formem, foi direto tascar-lhe um beijão apaixonado.

- ARGH! Que mau hálito! - disse o príncipe, sentindo o peso dos anos sem escovar os dentes da princesa, enquanto a princesa esfregava seus olhos cheios de remela.

Final alternativo do DVD: Chegou por lá no quarto da princesa adormecida e sem muita conversa, já que ela não era dessas que falam enquanto formem, foi direto tascar-lhe um beijão apaixonado.

- Que hálito fresco, minha linda princesa. - diz o príncipe enquanto sua princesa se espreguiça graciosamente na cama.

Técnica: entra assinatura: [logo] Colgate. Hálito fresco por muito mais tempo.