junho 10, 2007

Verônica

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- Eu sou seu amigo, não sou? - falei.
- É claro, por que você acha que eu estou aqui te ouvindo? - Disse Bolívar, irritado, do outro lado da linha. Ele acalmou o seu tom de voz e continuou - Então, seu maluco, vai me contar o que aprontou?
- Bom, começou, começou quando decidi dar uma esquentada nas coisas. Estava andando pela rua, muito decidido do que faria, tinha comprado a arma, estava carregando-a sob o casaco, quando de repente...
- ...Ela apareceu. - Bolívar emendou antes de eu terminar a frase.
- Não, não, espere aí, eu já chego à Verônica. Não seja tão impaciente, droga. - e continuei contando a minha história, que era ouvida por um misto de impaciência e surpresa do outro lado da linha pelo meu amigo Bolívar.

Estava na rua, a garoa fina castigava meu casaco e anuviava meus óculos de tal maneira que tinha que andar muito rápido e com a cabeça levemente inclinada para baixo, olhando por sobre dos óculos. Eu tinha uma pistola automática carregada por baixo do casaco. A cada passo rápido que dava, o metal pesado e frio da pistola batia contra minha costela direita, tornando-a impossível de esquecer, o que acabava me deixando meio nervoso. Era a primeira vez que eu sequer tocava numa arma. Não estava nem seguro se poderia atirar. Ou até mesmo se a arma funcionava, considerando a forma com que eu a arranjei.

- É verdade, como foi que arranjou a arma? - Interrompeu novamente Bolívar.
- Quer ficar quieto um pouco?
- Só me conte da droga da arma, porra, pode ser importante.
- Tá bom, tá bom.

Eu conheci num desses sites de relacionamento uma jovenzinha muito louca. Ela chamava-se Darlene e...

- Espera, espera, espera - disse entre risos - você faz parte de um site de relacionamentos?
- Eu disse que queria viver a vida perigosamente.
- Eu não achei que fosse tanto. - Bolívar não conteve o riso.

Houve um momento de silêncio, ele percebeu que eu ficara ofendido. Bolívar achou que era porque ele fazia graça de mim, mas não era nada disso, eu só queria contar minha história, desabafá-la sem interrupções desnecessárias.

- Então, vai me deixar falar?

Ele concordou em silêncio e eu prossegui.

Essa Darlene era uma mulher estranhíssima, cara. Quando vi as fotos, não achei grande coisa, era gostosinha, é verdade, mas não era muito meu tipo, tinha algo errado. Não fui eu quem mandou a primeira mensagem, afinal, cada torpedo mandado por aquele site era contado, já que tinha um número limite de mensagens por dia. A mensagem dela era muito clara, estava me convidando para transar com ela, tinha gostado do meu “jeito” e não queria muita embolação. Só sexo. Como não sou bobo nem nada, aceitei a proposta. Encontrei ela no centro, num café. Começamos a conversar com alguma dificuldade, já que a mulher era muito burra, mas foi relativamente rápido até que eu ocupasse a boca dela com um beijo.

- Comeu?
Suspirei fundo - sim, comi. Só que quando terminamos o serviço, ela virou-se pra mim e disse:

- Tem 20 contos pra me emprestar?
- Heim? - quase engasguei com a fumaça do cigarro.
- 20 pilas?
- Ahm, tenho, mas...?
- Sabe, cara, uma garota como eu precisa viver.
- Hm? Como assim?

Ela me olhou séria por um minuto, investigando, aí caiu na gargalhada. Quando parou, ela finalmente revelou tudo: - Você não percebeu que eu sou uma garota de programa?

- E aí você deu os 20 reais?
- Acabei dando, não queria rolo com nenhum cafetão. Além do mais, foi uma foda decente. No fim, saiu barato.
- É, lembra quando a Leila me levou o carro depois de ter morado com ela?
- Escuta, a história é minha, Bolívar.
- Desculpe.

Esta tal Darlene era maior boca braba, quando pensei em comprar a arma, liguei direto pra ela. A menina tava doida pelo negócio, devia ter lucrado uns 500% em cima do otário aqui, mas era o único contato decente com o submundo que tinha. E na real foi ótimo, ela tinha umas fantasias loucas de transar com um sujeito apontando uma arma pra ela, aí aproveitamos o momento.

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De posse da arma, minha resolução não se abalou nem um pouco. Eu sabia o básico, carregar, apontar, puxar o gatilho. Mas no fundo eu não estava pretendendo usar a arma de verdade. Só queria apontá-la, pegar a grana e dar o fora. E foi o que eu fiz. Vou te dizer que não foi difícil. Entrei na lojinha do posto de gasolina. Tinha um sujeito comprando umas cervejas. O sujeito tinha um boné de caminhoneiro - e certamente era o que ele era, já que o posto ficava num lugar não muito acessível, meio deserto até, e lá fora tinha um caminhão parado. Disfarcei um pouco, folheei umas revistas e tal e coisa. Quando o caminhoneiro de boné saiu com seu fardinho de cervejas, meti a mão por debaixo do casaco, apontei para o balconista e anunciei:

- Isso é um assalto, porra, passa logo a merda da grana, seu filho da puta!

O sujeito do caixa não pareceu muito abalado. Pra falar a verdade, ele aparentava estar mais calmo que eu. É compreensível. Primeiro que ele devia estar acostumado com isso naquele lugar. Segundo que o dinheiro não era dele de toda forma. E, terceiro, convenhamos que eu não tenho lá muita cara de ser um sujeito perigoso, mesmo com uma arma na mão. O atendente encheu uma sacola com a féria do dia e botou em cima do balcão sem dizer absolutamente nada nesse ínterim. Sequer me olhou. Era um profissional esse balconista.

- Escuta, sujeito, me dá um pacote de Carlton.

Ele pegou um maço e botou dentro da sacola também. Eu gritei alto:

- Tá de sacanagem comigo? Um maço? Eu quero o pacote inteiro, seu maldito filho duma égua chupadora de xoxotas de cadelas menstruadas!

Do outro lado da linha ouvi uma enorme gargalhada.
- Que foi?
- Ah, que isso, você não disse isso. Que droga é essa de “maldito filho duma égua chupadora de xoxotas de cadelas menstruadas”?
- Juro que disse, sei lá, saiu no momento. Acho que vi demais o Batman Feira da Futa, sei lá. O importante é que funcionou.

Depois do grito, o sujeito do balcão pareceu pela primeira vez ficar com medo e nervoso, quando gritei, ele deu um pulinho e retesou os ombros. Acho que ele não esperava a dura. Botou rápido o pacote inteiro de Carlton dentro da sacola. O doce sabor do sucesso invadiu minha garganta. A adrenalina jorrava aos borbotões pelo corpo e me dava uma energia que eu nunca havia sentido antes. Sorri. Meu sorriso se transformou rapidamente quando ouvi o “plem plim” da sineta que ficava sobre a porta da lojinha do posto.

Alguém havia entrado.

Secretamente rezei para que não fosse um policial. Me virei rápido, apontando a arma para a porta. Era uma mulher. Ela entrou gritando:

- Todo mundo pro chão, isso aqui é um assalto.

De repente tudo pareceu andar em câmera lenta. Ela era bem magrinha e branca, tinha os cabelos meio azuis, compridos e enrolados em duas tranças esquisitas. A tal mulher ainda carregava uma escopeta na mão, dessas mesmo que você vê nos filmes de zumbi e que dividem um sujeito ao meio com um tiro. Pelos olhos vidrados e loucos dela, me pareceu que ela não teria muito pudor em usar aquela arma. Quando ela percebeu que eu também estava armado e apontando pra ela, ainda disse calmamente:

- Ok, cara, larga essa porra que a grana é minha. Essa é minha área.

Na hora me senti desolado. Meu momento de glória estava sendo arruinado por uma mulher. Não só uma mulher magra e franzina, mas uma mulher com uma arma muito maior que a minha. O sentimento era muito parecido com participar de uma suruba e ser o único a broxar. Terrível.

- Hm, olha, eu cheguei primeiro, o código está do meu lado. - disse a ela.
- Que porra de código você tá falando?
- Ora, o código dos assaltantes.
Ela pareceu confusa, titubeou um pouco, abaixando levemente o cano da arma, achei que era um bom momento, mas foi só uma dúvida momentânea, logo ela estava com a arma apontada pra mim de novo e disse: - Não existe porra nenhuma de código, cara, não me venha com essa.
- Tá bom, eu inventei isso, confesso, vou ser honesto com você... qual o seu nome mesmo?
- Não me venha com truques psicológicos, seu filho da puta, eu fui casada com um psicólogo. - segurou a arma com mais raiva contra mim.
- Tá, tá, tá, calma. Que tal dividirmos?
O balconista resolveu interromper: - É uma boa idéia, heim?

Ambos apontamos a arma pra ele. O rapaz do balcão entendeu o recado.

- Então, gata, que tal dividirmos, heim?

Ela olhou pra mim dentro dos olhos. De repente largou a escopeta no chão sem o menor cuidado, como se o seu braço de repente tivesse ficado inutilizado, e correu em minha direção. Ela me abraçou e começou a chorar muito alto, soluçava, um choro quase gritado. Parecia desespero profundo. Eu fiquei imóvel por um tempo, até que a abracei, meio espantado com toda situação. Ela falou:

- Eu não deveria estar fazendo isso. Não deveria. Eu estou desesperada. - Meio que assoou o nariz no colarinho da minha camisa.
- Ahm... qual o seu nome?
- Verônica. Eu, eu, eu não consigo trabalho, aí comecei a assaltar.
- Tudo bem, Verônica, tudo bem. Calma, vai ficar tudo bem.

Vi um movimento furtivo atrás dela. Era o balconista. Ele estava agachado no chão, tentara se esgueirar para pegar a escopeta que jazia largada por ali. Empurrei Verônica pra longe e no mesmo reflexo apontei a arma em direção ao corajoso rapaz. Idiota, mas corajoso.

A arma disparou.

O barulho da pistola foi alto e ecoou pela loja inteira, ao mesmo tempo Verônica deu um grito e botou as mãos nas orelhas, eu só tratei de arregalar os olhos, arma ainda apontada na direção do rapaz. O rapaz havia conseguido pegar a escopeta, mas largou-a imediatamente após receber o impacto da bala. Estava agora com sua camisa empapada de sangue, olhos arregalados. Parecia não acreditar. Verônica começou a andar de um lado por outro gritando “ai meu deus, ai meu deus, puta que pariu, ai meu deus”. Minha mão foi ficando mole até derrubar a arma no chão. Eu havia matado o sujeito. E agora? O momento parecia um pouco etéreo. Eu sentia que de repente as câmeras sairiam de trás das prateleiras de chocolate e tudo não passaria de uma boa dose de risadas no domingo à noite.

Infelizmente nada disso aconteceu.

Peguei a arma novamente do chão. Não com a mesma firmeza e segurança de antes, mas sim como um vegetariano pegaria um pedaço de carne crua. Verônica continuava andando pra lá e pra cá, deixando-me muito nervoso. - Ei, pare de andar pra lá e pra cá. Ei! Ei, Verônica!

- PARE! - apontei a arma pra ela. Ela parou no meio de um de seus passos, virou a cabeça pra mim. No início pareceu surpresa, depois zangada.

- Escuta aqui, seu merda, você não tem nem coragem de atirar. - Ela deu alguns passos em direção a escopeta, toda suja de sangue.
- Pare aí! - Disse eu, mas ela continuou andando, despreocupada.
- Ei, tô dizendo pra parar. Eu vou atirar, heim?

Ela não me deu ouvidos, pegou a arma do chão. Começou a olhar em volta. De repente soltou uma pequena interjeição, como se houvesse achado o que procurava. Foi até o balcão e pegou um pano. Limpou a arma. Pegou a sacola onde estava o dinheiro.

- Tchau, seu trouxa.

Eu não sabia o que fazer. Não podia atirar em uma mulher, podia? Ela se dirigiu a porta, mas aí voltou correndo. Ela pulou para de trás do balcão. Eu não podia vê-la ali atrás, mas podia ouvir seu murmuro que dizia sem parar: “merda, merda, merda”. Cheguei mais próximo a porta e vi o posto sendo iluminado por uma luz vermelha e azul que se alternava. Entendi do que ela estava apavorada.

A polícia.

Corri para trás do balcão, junto com ela.

- Escuta, idiota, você já matou o sujeito. Eles vão prender nós dois se não fizermos algo.
Olhei para ela sério. - Escuta aqui, sua puta, se não fosse por você eu estaria longe com essa grana e ninguém teria se machucado.
Ela botou o cano gelado da arma no meu queixo e disse: - não abusa, moleque.

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Eu a estava abraçando ela por trás, minha mão a segurava pela barriga, mas às vezes eu fazia escapar para os peitos dela. O corpo dela por debaixo do vestido leve era gostoso de tocar. Minha boca estava perto do pescoço dela, sentia vontade de mordê-la. Eu estava bem próximo, colado em Verônica, segurava na outra mão a espingarda apontada para o queixo dela, repousando entre os seios médios dela. Ela chorava. Gritei para os policiais do lado de fora da loja:

- Saiam da droga do caminho, seus putos! Eu juro que se alguém se mexer eu vou mandar essa puta pro inferno e levo mais alguns de vocês juntos.
- Muito bem, fique calmo e ninguém vai se machucar. Estamos aqui para ajudá-lo. - Uma voz grave falou de um megafone do lado de fora da lojinha. E continuou assim: - Escute, que tal deixar a moça sair? Ela está chorando, só vai te incomodar aí dentro.
- Vão se foder, caralho! Tão pensando que eu sou burro? Eu quero um carro pra dar o fora daqui. Ouviram? Um carro! E cheio de gasolina!
- Um carro? Certo, filho, vamos arranjá-lo. Nos de um tempo.
- Tempo o caralho, eu vou matar ela!
- Mas precisamos de tempo para conseguir o carro.
- Eu não estou pedindo um helicóptero nem nada, tá achando que sou burro? Me dá um carro da polícia mesmo! Se a chave do carro não aparecer em 3 minutos, ela já era. Eu tô falando sério, merda!
- Sabemos que o carro não é problema, mas precisamos encher o tanque. Sabe como é, queremos seguir suas instruções para ninguém sair machucado.
- Mas nós estamos em um maldito posto de gasolina, porra!

Ocorreu uma breve pausa no nosso diálogo, como se o sujeito do megafone estivesse conversando com alguém sobre a possibilidade de me dar um carro. Depois de um tempo, mais uma vez ouvimos a voz grave do policial:

- Muito bem, filho, seu carro com o tanque cheio está aqui.
- Deixem ele com a porta aberta e o motor ligado na frente da loja.

Quando o policial saiu do carro de polícia, começamos a andar para a rua. Eu usava Verônica como escudo humano, a escopeta no queixo dela, a pistola no bolso do meu casaco. Enquanto isso ela segurava a sacola de dinheiro na mão esquerda. Os policiais foram espertos, estacionaram o carro com a porta do carona aberta para o lado da loja. Queriam que eu desse a volta no carro patrulha ou que fizesse o esforço de entrar pelo lado do carona, deixando Verônica por um tempo fora do carro e longe de mim tempo suficiente para me chumbarem.

Disse baixinho para ela: - Muito bem, no 3. Um, dois, TRÊS.

Quando eu disse o número mágico, soltei minha refém, peguei a espingarda com as duas mãos e disparei contra a polícia. Verônica por sua vez, em um movimento fluído e único, jogou com a mão esquerda a sacola de dinheiro dentro do carro, enquanto a mão direita pegou a pistola que estava no meu bolso e apontou para a polícia, disparando também contra os policiais. Ela saltou pra dentro do carro pela porta do carona, passando para a direção. Eu a segui rapidamente pela porta do carona, não sem antes disparar mais uma vez.

Verônica pressionou o acelerador até o fim, os pneus do carro agrediram o chão e o carro disparou. Ouvimos alguns tiros da polícia atrás da gente, mas felizmente nenhum atingiu gravemente o carro. Ela dirigia feito louca. Não estou dizendo isso só porque ela diria bem ou como figura de linguagem. Ela dirigia como louca mesma. Zigzagueava na contra-mão, subia calçadas, ia reto contra os carros esperando que eles desviassem, saia da estrada para o meio do mato e tudo isso aparentemente sem nunca pisar no freio. Não era só o estilo de direção que era louco, ela também dirigia com os olhos vidrados, muda e sorrindo como se tivesse gozado até pelas orelhas há meia hora.

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Verônica vestia um vestido curto, preto, meias e liga. Seu cabelo estava solto, não era mais azul, mas sim preto. Tinha feito isso para despistar a polícia. Tomávamos algum cuidado, mesmo que estivéssemos em outro estado, não dava pra saber se eles estavam atrás da gente ou não. Verônica estava esperando o que eu ia fazer sem disfarçar o sorriso em seu rosto. Ela estava sentada numa cadeira no quarto de motel de beira de estrada que tínhamos alugado há um pouco mais de duas semanas. Estávamos loucamente apaixonados curtindo nosso dinheiro e um ao outro. Quase não saíamos do quarto. Passávamos o tempo todo curtindo um ao outro, realizando uma fantasia depois da outra. Eu nunca tinha me sentido tão completo. Ela era o máximo e nós éramos mais do que o máximo juntos.

- Muito bem, sabe, me daria muito prazer em ver você rastejando de quatro para mim. - Andava em volta dela, olhando-a como um predador rodeia a preza.

Ela apenas continuou sorrindo.

- E eu estou disposto a pagar caro por isso. - Peguei um bolo de notas do nosso saco de dinheiro e comecei a largá-las lentamente no chão, uma por uma. Dava um passo, soltava a nota.

Ela foi escorregando da cadeira, botou-se de quatro e começou a rastejar atrás do dinheiro. Olhava pra mim como se perguntasse “está gostando?”, ah, como estava gostando. Tirei meu cinto e bati na cômoda. Ela virou-se de costas pra mim, ainda de quatro, abaixou a cabeça até a testa encostar-se ao chão e levantou o vestindo, oferecendo sua bundinha pálida já vermelha de noites quentes anteriores. Suspirei de prazer e levantei o cinto sobre a minha cabeça, mirando onde queria acertar.

Do outro lado da linha, Bolívar suspirou: - que história, heim? Mas logo você tão quietinho. Por que afinal foi assaltar a loja?
- Eu sou escritor.
- Bom, pelo que eu sei, escritor e assaltante são profissões diferentes.
- Eu queria escrever uma história sobre mim, mas minha vida era pálida e idiota. A única coisa que eu fazia era sentar à frente do micro e escrever, nada mais. Precisava botar adrenalina.
- Escuta, não seria mais fácil simplesmente ter inventado?
- Talvez. Talvez. Mas aí, que graça teria? Além do mais, se eu tivesse simplesmente inventado Verônica, ela jamais teria aparecido na minha vida. - Sorri, botei o telefone no apoio e dei tchau para Bolívar por detrás do vidro de segurança da cadeia.

Minha sorte ter um amigo advogado, escritores ganham muito mal.