junho 04, 2007

A gansa dos ovos de ouro

"Uma fábula moderna para os conturbados tempos contemporâneos de hoje em dia"
- New York Times

"Uma crítica contundente à política do governo petista"
- Veja

"O brado da esquerda contemporânea contra a dieta imagética da burguesia"
- Guardian

"O outro lado da moeda"
- Economist

"O retrato do que o PSDB produziu como valores para este país"
- Carta Capital

"A queda da falácia estadunidense de que Free Willy não comeria o garoto"
- Le Monde

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Barnabé era um produtor de ovos de ganso - ou melhor, gansa. Como Barnabé não era propriamente um ganso - ou melhor, gansa - “produtor” é apenas modo de dizer, na real mesmo ele tinha um grande celeiro com uma boa dúzia de gansas botadoras de ovos. Porém, como você pode imaginar, os negócios iam mal. Nem estamos aqui considerando a gripe aviária, cujo nosso carismático personagem central prevenira colocando um cachecol em cada uma de suas brancas gansas. É melhor prevenir do que remediar, dizia convicto. Os negócios iam mal mesmo porque ninguém comprava ovos de gansa. Pode dizer o que quiser de Barnabé, mas não entendia nada de marketing - ou você já viu alguém que come ovos de gansa por aí? Experimente procurar, não há.

Graças a tal crise do ganso, a família de Barnabé emagrecia a olhos vistos. Desta forma, o pobre homem não teve escolha se não começar a matar suas lindas gansinhas botadoras de ovos para que sua mulher as cozinhasse. Como podes bem notar, se fores intrépido, nem mesmo a família de Barnabé comia ovos de gansa.

Uma após a outra, as gansas foram desaparecendo do celeiro e reaparecendo no forno, panela ou frigideira da esposa de Barnabé. Quando sobrou apenas uma, Gisela, - pois Barnabé botava nome em todas suas gansas - uma gansa que ele havia adquirido de um mercador chinês com a maior cara de paraguaio, Barnabé entrou no celeiro, resignado a matar sua última gansinha. Ao pegar Gisela no colo, Barnabé se sobressaltou - e nem é o caso daquele sobressalto, muito popular nos homens solitários do campo. A surpresa do homem foi tanta que logo largou a gansa, desistindo de comê-la, e pegou ali o ovo que ela havia dourado. Não era um ovo comum, como sempre havia botado. Era um ovo de dourado, um ovo de ouro.

Barnabé ficou rico do dia pra noite.

Andava com correntes de ouro, pulseiras de ouro, anéis de ouro, dentes de ouro e tudo mais que podia meter ouro. Como não podia deixar de ser, andava pra lá e pra cá com sua gansa dos ovos de ouro, Gisela.

Porém, certo dia Barnabé e toda sua família morreram do dia pra noite, incluindo Gisela. Os técnicos da perícia foram muito claros e os repórteres copiaram e citaram tudo direitinho: a família e o lugar estavam contaminados por forte radiação, possivelmente vinda dos gansos mutantes de Chernobyl que o produtor comprava a preço de banana de um chinês com cara de paraguaio.