maio 23, 2007

O Código Eiffel (ou como a França nos engana há anos sobre o mais famoso monumento fálico dos tempos modernos)

Com o boom do turismo internacional, principalmente nas paragens do velho mundo ocidental, em especial França e Inglaterra, muitos de meus amigos, conhecidos, agregados e, quiçá, parentes têm visitado a Torre Eiffel durante aquela passadinha básica em Paris. Como todo mundo que vai à Paris (e conseqüentemente à Torre Eiffel), todas essas pessoas têm sua câmera digital, compartilhando seus momentos felizes com todos nós.

Eis que algo me chamou atenção, não sei se tu já percebeu, eu mesmo não havia tido esse estalo, mas já notou que nunca há ninguém próximo na foto em que se tira na Torre Eiffel? Veja só:















Ora, mas como pode ser? Na capital mundial do turismo, o seu símbolo, o monumento mais famoso, não há aglomeração bizarra neste maravilhoso mundo de mais de 6 bilhões de bípedes? Se até o Mercado Público de Porto Alegre é mais lotado que isso, tem de haver algo errado aí.

Vejamos: segundo o escritório de turismo de Paris, em 2005, a cidade recebeu 26 milhões de visitantes. É certo que quem vai a Paris, certamente vai a Torre Eiffel (seria o mesmo que ir a uma luta de boxe e ir embora quando o apresentador diz “ladies and gentlemen”). Claro, muitas pessoas que já foram à cidade (e estão apenas voltando), podem não voltar a tal Torre - então seremos bonzinhos e dizer que só 50% destes 26 milhões são novos visitantes. Portanto, isso nos deixa uns 13 milhões de virgens à famosa visita ao grande falo parisiense.

Desses 13 milhões que não foram à Torre Eiffel, vamos exagerar que 80% vá de fato a Torre. Os outros 20% visitariam Paris, mas por algum motivo não iriam até a Torre - sabe-se lá, sempre tem gente no mundo com manias estranhas ou até mesmo aquele sujeito que foi assassinado antes de chegar ao monumento. Tudo é possível. Isso nos deixa apenas cerca de 10,4 milhões de pessoas por ano. Dividindo isso por dias, dá 28,5 mil visitantes à Torre por dia (como pode ver, chutando bem baixo, pois não estamos nem contando os músicos, vendedores e demais comerciantes residentes de Paris que ficam por ali, tampouco jovens parisienses que vão até lá para namorar, queimar um carro ou entrar em um conflito ocasional com a polícia).

Digamos que a maioria das pessoas vá entre às 8h e às 24h (porra, quem é o maldito turista que vai estar lá às 5h da manhã?), isso nos dá 16 horas úteis de visita - ou seja, 1781 pessoas por hora. Obviamente é um chute baixo, fora os já mencionados “habitantes locais” que freqüentam o troço, muita gente deve ficar mais de 1h na Torre, seja comprando souvenires, comendo alguma coisa, tirando suas mais de 50 fotos em ângulos diversos, etc. Ora, como 1781 pessoas podem todas tirar suas fotos sem que haja transeuntes atrapalhando a foto no raio de 30 metros como vimos nas fotos acima?
O pessoal tá sempre distante, como massas de pessoas longe do centro da foto. Além disso, com toda sorte de chineses, japoneses, coreanos, tailandeses, vietnamitas, malásios e tantos outros asiáticos no mundo, como não há nenhum oriental nas fotos? Hipoteticamente, deve haver na Torre Eiffel constantemente um oriental hipotético, o que eu chamaria de “japonês estatístico”. Mas observe, não há. Esse é o “paradoxo do japonês estatístico”.

Isso pode significar duas coisas:

- Há mais de uma Torre Eiffel em Paris, só que ninguém, fora os matreiros políticos franceses, sabem disso. Aglomerações são perigosas, na França então, juntou dois ou três e já tem rei sendo decapitado e carro sendo queimado.
- As pessoas que se aglomeram sempre ao longe da foto e nunca atrapalhando o feliz turista e sua câmera são figurantes - obviamente há pessoas próximas, poucas, pois alguém precisa ajudar o turista a tirar a foto. Esses também são contratados pelos políticos.

Sherlock se orgulha de mim.

PS: desculpe eventuais erros matemáticos, o mais próximo que eu cheguei dos números foi namorar uma menina formada em matemática (que me chutou porque eu não sabia quanto era um pi)