abril 01, 2007

O que é o Amor?

Amor é uma idéia. E como todas as idéias, anda por aí vestindo sua beca favorita. Você pode encontrá-lo em diversos lugares, sacudindo sua bengala pra lá e pra cá enquanto assovia as melodias feitas por outrem em homenagem a ele. O Amor veste-se geralmente com um terno cinza, usa chapéu coco combinando, tem um óculos escuro que lhe cobre totalmente os olhos e, como já dito, ostenta uma divertida bengala com um coração na ponta que sacode pra lá e pra cá.

Alguns dizem que ele é fofo, outros que é cruel, outros que é afetado, outros que é invenção da mídia, outros que é tarado, outros que é injusto. Há ainda aqueles que acreditam piamente que ele não existe e que tudo não passa de outra coisa. Mas, no fundo no fundo, todo mundo conhece o Amor uma hora ou outra. E o mais incrível é que mesmo todo mundo conhecendo-o, cada hora se tem uma opinião diversa do sujeito.

De repente você está lá, comprando frutas na feira, e ele passa, assoviando “what a beautiful world”. Quando você vê, aquele melão esperto que você estava apalpando é automaticamente transformado nos melões daquela gostosa ali do lado e, paff, você conhece o Amor e está louco pra trepar com aquela melãozuda. Mas, apesar do terno simpático, Amor pode ser realmente encontrado em tudo quanto é canto, até em lugares potencialmente não-amistosos para um sujeito de terno, como o necrotério - por certo tu nunca ouviu algo sobre um sujeitinho que chamou na necrofilia ao olhar aquela beldade pálida esticada sobre a mesa com um buraco de bala no peito?

Culpa do Amor.

O amor está por tudo. Love’s in the air. Ou até mesmo na ausência de ar. Tá ligado aquela astronauta malucona que cruzou os Estaites sem parar, dirigindo seu conversível usando uma frauda geriátrica, pra meter bala na mulher de seu amante? O amor faz isso com as pessoas. A astronauta, por exemplo, viu estrelas, com o perdão do trocadilho infame.

Uns dizem que o Amor é grande, quase um gigante, outros que é pequeno, mas jamais houve alguém que dissesse que não era nem grande, nem pequeno, mas sim médio. Se não parecer nem uma coisa tampouco outra, com certeza é o irmão mais velho do Amor quem você está vendo. Ele veste-se de forma muito parecida, mas se comporta de maneira ligeiramente diversa, chama-se Amizade e é um tremendo dum parceria kid, ainda que seja bem menos wild que seu irmão do meio, afinal, a idade lhe trouxe serenidade. Também não podemos confundir o Amor com a irmã mais nova da família, a Paixão, uma jovenzinha rebelde, cheia de vivacidade e que não mede as conseqüências de coisa alguma. Natural a pequena e intensa Paixão ser assim, além da idade que lhe falta, sente muito ciúme de seus irmãos mais velhos e tenta de toda forma se parecer com eles, usando inclusive um terno masculino muito parecido com o de seu irmão do meio, porém todo rasgado a moda punk e customizado a la emo. Aquela vez em que você estava pela primeira vez com a melãozuda pulando sobre o seu pau e sentiu que Amor de repente adentrara o quarto, bem deves saber que muito provavelmente você se confundiu, afinal estava meio bêbado, pois devia ser a irmã mais nova, com seu traje maluco, que assoviara “love hurts” no seu ouvido enquanto o gemido da melãozuda vinha em um crescente absurdo até silenciar por completo.

Por essas é outras que não se pode ter uma opinião apenas do Amor. Ele se veste sempre igual, assovia amistosamente, mas nunca se sabe quando sua bengala sacolejante vai lhe atingir os ovos em cheio, te fazendo beber litros de cerveja e vomitar por quilômetros a fio em busca da mulher amada. É, parceiro, aquela melãozuda nem sempre é o que parece quando o Amor está na área. De repente, como todo repente, o Amor dá o fora depois do jantar, no melhor estilo cachorro magro, e tudo vai pelos ares: a Melãozuda te conta que o problema não é você, é ela. É aí que você recebe a visita da turma que às vezes acompanha o Amor: a Raiva (uma ruiva fenomenal, diga-se), a Tristeza (malditos emos), o Pé-na-Jaca (um deus menor que por aqui é conhecido como Jeremias do YouTube), o Ciúme (uma criança birrenta que sempre pede por atenção), entre outros tantos - como se pode ver, o Amor não conhece aquela velha máxima “antes só que mal acompanhado”, pra falar bem a verdade, o Amor ignora totalmente qualquer outra coisa que não ele próprio. Tente dizer pra um crente que ama a seu deus que o pastor usa a grana que ele doa para comprar veículos de comunicação e carros esporte, o crente vai usar um dos acessórios mais quentes do Amor, seu óculos escuro que nada vê que não o que está na própria mente. Amor é um sujeitinho muito matreiro, cheio de truques, não se pode falar mal (a sério) do Amor. Desista.

Apenas esteja preparado para dar aquela gingadinha esperta quando ouvir o doce assovio.

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Este texto faz parte de um Carnival que tenta definir o que é o amor.
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