fevereiro 07, 2007

Escrevendo sobre escrever 2

As pessoas que escrevem constantemente deixam transparecer que o mérito da coisa toda não é delas, mas sim dos personagens. Quando encontram um personagem que quer se abrir, escrevem. O chamado bloqueio de escritor seria apenas um triste acontecimento quando os personagens se calam e não se consegue tirar nada dele. Às vezes eu achava que isso era mito, às vezes que era frescura, às vezes que era divertido.

Mas, pô, que história é essa de "ouvir" o personagem?

Posso constatar hoje que isso faz muito sentido. Muitas vezes eles realmente são bastante falante e comportados, de modo que você sabe exatamente onde tudo vai dar. Alguns (a maioria pra mim) são até relativamente falantes, porém são muito mais caprichosos, não se deixam governar, vão pra onde querem e, se você for bonzinho com eles, talvez acabem perto de onde queria que acabasse. Por isso é relativamente mais fácil escrever uma história que se tenha o início ou o meio, do que o fim. Pelo menos pra mim.

Isso não é só achismo, acabo de fazer a prova. Enquanto escrevo a história dos mexicanos, posso ouvi-los perfeitamente se tiver escutando som ambiente. Porém não consigo escrever quando estou com fones de ouvido, como se não desse mais pra ouvir os desgraçados. Já quando estou escrevendo coisas não literárias, como esse post ou peças publicitárias, fones são muito bem vindos.

Estranho.