novembro 29, 2005

A Saga do Sábio Homem-Sabiá

Capítulo I
De barro a gelo derretido, passando por explosões cósmicas e cantorias em tavernas celestiais, já rolou de tudo. Então, por que eu não posso ter minha própria versão da criação da Terra e quiçá do Universo?



(imagem gentilmente roubada de Gil Tokio - http://www.gil.weblogger.terra.com.br/ - prestigie o trabalho do cara)

.Tetra
.Gama
.Ton
.Esparakatupiba
.Ékekéquêtápunkê

No início porra nenhuma existia, a não ser um vaso sanitário gigante, usado por gigantes. Na real era O gigante, pois não era um banheiro público, era o banheiro da casa d´Ele - e Ele dificilmente recebia visitas, ainda mais no banheiro, afinal, tu sabe quanto fede um bosta gigantesca? Não queira saber. Chamava-se Bunda, mas era conhecido por outros 1000 nomes, como era de costume dos gigantes.

Era tudo escuridão neste início. Quando Ele abriu a tampa do vaso sanitário, fez-se a luz. E Ele viu que aquilo era bom. Refletiu sobre a eterna luz e, considerando a conta da CEEE, decidiu recriar a noite - porém intercalando com o dia. Assim, abria e fechava a privada que, enquanto aberta era inundada pela luz do banheiro (e por outras coisas mais indigestas) e, enquanto fechava, morria em silêncio e nada havia lá a não ser o lado escuro da força.

Bunda percebeu que, agora que tinha dia e noite, parecia que faltava algo naquela água. Pensou, refletiu, pensou mais ainda e, como não era do feitio dos gigantes esse tipo de atitude, sentiu uma imensa fisgada na barriga, precedida por um estrondo que soava como “próóóóóó” (que posteriormente seria chamado como “O Canto da Criação Ali no Canto”). Era chegada a hora de povoar o novo universo.

Sentou-se com as calças arriadas e não passou nem 7 dias se espremendo.

Quando levantou-se, Bunda percebera que havia algo se mexendo e se modificando. Seu cocô havia ganhado vida. Bunda viu que isso era bom e começou a cutucar com um palito de sorvete sua bosta, que logo moldo-se numa perfeita ilha. Contente com sua criação, Ele decidiu chamar aquilo de Merda-Tédia. Mas aí mudou o nome, sem nenhum motivo especial (os deuses se dão ao luxo disso), para Terra-Média, e viu que isso era bom.

- Falta algo aqui - pensava Bunda, quando de repente viu que não podia haver terra que não fosse habitada. Foi aí que baixou a braguilha e mandou ver num xixi esperto. Cada gota de Sua Santa Urina que respingava dava origem a um animal, mineral ou vegetal. Porém, Bunda notou que os animais moviam-se brevemente e logo expiravam, caindo mortos em sua Terra-Média. Intrigado com o acontecido, Ele cortou a urina, dando aquela dorzinha fodida, e refletiu porque sua criação movia-se por tão pouco tempo. Chegou mais perto para observá-la e sentiu um fedor grotesco. Foi aí que teve uma brilhante conclusão: suas criaturas estavam morrendo sufocadas.

Foi até o armário do banheiro e pegou um intacto Pato Purific de coloração azul. Abriu o pacote e encaixou na beirada do vaso sanitário. Abriu novamente a braguilha e mandou ver no resto do seu xixizinho esperto. Desta vez as criaturas que surgiam não mais morriam. Bunda viu que aquilo era bom e chamou o efeito do Pato Purific azul de Efeito Axe. Mas aí, como é de costume dos deuses, achou o nome muito ruim e decidiu chamar apenas de Atmosfera aquilo que dava oxigênio à sua criação. E aí sim viu que aquilo era bom.

Bunda ficou admirado com sua criação e passou a observá-la por longo tempo. Assim, todos viviam em harmonia, tanto plantas, como animais e até as pedras não brigavam umas com as outras. Ele viu que aquilo era bom.

Foi aí que tocou a campanha da casa d´Ele.

Por motivos que não cabe aqui mencionar, todo gigante deveria abrir sua própria porta, nunca deixando esta tarefa a seus serviçais. Então Ele gritou, ainda no banheiro: - Kitonius, venha cá me ajudar!

Kitonius, que era um matreiro capoeirista, chegou no banheiro dando piruetas acrobáticas, encerrando com um duplo twist escarpado só para agradar seu mestre, e perguntou:

- Sim, mestre?

- Eu vou ter que atender a porta, você como serviçal que é deve ajudar-me em minha tarefa. A cada 24 segundos você deve abrir a tampa do vaso, caso ela esteja fechada, e,depois destes 24 segundos, você aguardará mais 24 destes e fechará a tampa do vaso, esperando novamente 24 segundos para novamente abrir a tampa do vaso e assim ad infinitum até o Ragnarok.

- O que é Ragnarok, mestre?

- É o nome que eu dei ao fim dos tempos, quando puxarei a descarga e todos serão julgados culpados, indo para as profundezas do esgoto, a terra dos dejetos mortos. - falou por último Bunda, virando-se e indo até a sala atender a porta.

Kironius, que era um capoeirista muito matreiro, observou a criação de seu mestre e sentiu inveja. Olhou pela porta do banheiro e percebeu que quem chegará era Jeovoh, avô de Bunda, e que certamente ficaria muito tempo conversando com seu mestre. Tempo suficiente para que Kitonius pudesse, maleficamente, imprimir seu caráter à criação de Bunda.

Enquanto era dia na Terra-Média, Kitonius abriu sua braguilha para criar ele mesmo algumas coisas. Porém, como havia recém ido no fundo à direita, não tinha sequer uma gota do líquido da criação. Kitonius ficou irritado e começou a praguejar, cravando as unhas em seu próprio corpo, até que arrancou um pedaço da sua pele. A pele caiu na Terra-Média e formou a primeira criatura que andava em dois pés. Kitonius olhou aquela bela forma e, invejosamente, achou aquilo bem melhor do que tinha feito até ali Bunda. Chamou aquela beleza de “ornitorrinco”, mas aí, como é de costume dos deuses, decidiu mudar o nome para “mulher”. Kitonius viu que aquilo era boa.

Continuou observando a mais bela criação da Terra-Média e viu que ela trabalhava realmente duro para fazer um colar de pérolas (sem muito sucesso é verdade). Foi aí que Kitonius deu uma escarrada ao lado da primeira mulher. No início ela achou aquilo muito nojento, mas logo Kitonius cochichou no ouvido dela que aquele era o cuspe da criação e que ela poderia fazer o que quisesse com ele.

Kitonius continuou olhando, tomando cuidado para deixar seus olhos na bordinha do vaso para que a mulher não visse que ele a observava. A mulher começou a remexer o cuspe da criação, primeiro moldando um casaco de pele, mas antes de completar seu trabalho, ela pareceu parar por um instante e refletir. Ela desmanchou o caso de pele e formou algo parecido com ela, ainda que bem mais tosco. Ela chamou sua criação de “bekenbauer” e, como é de costume das mulheres, deu a sua criação 54 nomes diferentes, 6048 apelidos e 99 nomes de coisas que já existiam.

Ainda indecisa quanto a como nomear aquela criatura, a mulher sentiu uma pedrada na cabeça. Quando foi xingar o filho da puta que tinha tocado-lhe a pedra, percebeu que havia um papel enrolado. Sabe-se lá como, ela conseguiu ler o papel, que dizia: “chame esta sua criação de ´homem´”. Mal sabia ela que aquela mensagem provinha do próprio Kitonius, que se ria baixinho na beirada do vaso.

A mulher viu que aquilo era bom (e não estava falando do nome da criatura). Percebendo, porém, que o homem também curtia o vai-e-vem, ela, mais matreira que era por descender diretamente de Kitonius, disse ao homem que só forneceria o brododó se ele trabalhasse e a sustentasse. O homem perguntou o que era isso? E ela disse que ele teria de caçar e confeccionar colares de pérola para ela.

No início ele não aceitou, mas aí a mulher inventou o boquete e ele foi correndo catar pérolas.


Capítulo II
Assim como Super Mario Bros. com a manha do “continue” eterno, Ele voltará.

.Tetra
.Gama
.Ton
.Esparakatupiba
.Ékekéquêtápunkê

Enquanto o malévolo Kitonius tomava conta da Terra-Média em pleno vaso de seu mestre, Bunda, que jazia sentado com seu avô, Jeovoh, na sala, o mundo vasístico foi mudando. Dando prosseguimento ao “seu” mundo, Kitonius em sua inveja já pensava ser o próprio criador, vendo que sua maior criação, a mulher, vivia coberta de peles e outros adereços, tornando o homem um puta preguiçoso, decidiu criar as estações do ano, começando pelo verão.

Pegou a estufa que tava na beira do box do chuveiro de Bunda e ligou na potência máxima. A mulher relutou um pouco, mas em breve retirou seu pesado casaco de pele e deixara a mostra todo seu talento. O homem, que havia convertido-se em sedentário, imediatamente retomou seu trabalho, lembrando das recompensas que viriam após cada colar de pérolas.

Porém, com o calor, o homem e a mulher sentiram uma coisa estranha, o qual ambos concordaram em denominar de “baianisse”, os dois largaram todos seus afazeres e começaram a organizar uma grande festa, batizada de “varnacal”. Espantado com a conduta imprópria de sua criação, ainda que totalmente, maravilhado, Kitonius decidiu fazer uma de suas improvisadas aparições para corrigir o lance. Chamou no fundo da garganta um “ham-ham” e disse:

- Eu não desejo que este varcanal ocorra.
- Por quê, ó honorável que não se pode dizer o nome? - Respondeu a questionadora mulher, matreira como seu criador.
- Porque é pecado. Se forem fazer isso, minha fúria caíra sobre ambos. Nada de varcanal.

Ambos concordaram e juraram por Ele que não fariam nenhum varcanal.

Mas a mulher era matreira, ainda que não capoeirista, e continuou os preparativos para a festa. O homem, com medo do deus, perguntou:

- Não ouviste aquele que não se pode dizer o nome falar que não vai ter festa?
- Não.
- Como não?
- Não. - Disse a mulher com aquela voz e com aquelas carícias que deixou o homem em posição de sentido.

Preocupado em não ter sua recompensa, o homem pela segunda vez pensou com a cabeça de baixo e acatou a decisão. Afinal, era melhor não ter um deus do que não ter uma mulher.

Continuaram os preparativos. Fizeram caipirinha, uma tentativa de vinho e muita tequila. Então enviaram convites para todos os animais, flores, pedras e tudo o mais que havia na Terra-Média. Todos compareceram, a exceção da couve-flor, que como era indecisa pra caralho, não sabia se era legume ou flor e não soube decidir o que vestir.

Dançaram, sacudiram e acasalaram, tudo isso durante a noite, quando raiou os primeiros raios da lâmpada do banheiro, ouviram uma voz gutural vindo de todos os lados gritando:

- Como ousaram dar prosseguimento ao varnacal sem minha autorização, malditos mortais?

Houve um silêncio que ninguém ouviu, então a mulher, a mais matreira de todas, disse calmamente:

- Ó aquele que não se pode dizer o nome, não fizemos e nunca faremos o varnacal.
- Como ousas me enganar, mulher? Achas que não ouvi a cantoria, mesmo à noite com a tampa do vaso encerrada? - furioso, Kitonius disse.
- Cantamos, bebemos e fornicamos sim, ó aquele que não se pode dizer o nome, mas o nome desta festa é carnaval, não varnacal. - respondeu a mulher, em tom cínico.

Diante destas palavras Kitonius tremeu nas bases, engoliu em seco, refletiu e mandou em forma de um rap bem pegado:

- Mulher, não pensais que podes enganardes-me e fazerdes-me de tolo. Mudastes apenas o nome da maldita festa. Não esqueçais que sou eu o criador de tudo e de todos, por esta tentativa de burlar a lei divina, mandarei todos vocês ao abismo profundo de Esgotium, a terra dos desejtos mortos!


O homem, apavorado, ainda argumentou:

- Será que rola um tempinho pra um último boquetinho?

Não houve resposta, então houve um eclipse e a escuridão, que parecia eterna, tomou conta da Terra-Média e todos os animais, pedras, vegetais, além do homem e da mulher se abraçaram, esperando o Ragnarok, o juízo final. Logo um tremor de terra começou a abalar a Terra-Média, tudo se movia e todos estavam apavorados, alguns gritos e uivos, que pareciam vir do além, eram ouvidos.

Mas nada aconteceu, a escuridão durou 1 mês da Terra-Média, quando a tampa se abriu novamente e a festa pode continuar normalmente. Mal sabem os habitantes da Terra-Média que haviam sido salvos por este acontecimento:

Enquanto Kitonius botava a mão na cordinha da descarga para acionar o Ragnarok, uma voz brava gritou ao fundo:

- Kitonius, que diabo está conversando com minha criação, serviçal do demônio?!

Era Bunda, o verdadeiro criador, que adentrara o banheiro e já se botou em posição de ataque. Kitonius, matreiro capoeirista, começou a piruetar pra lá e pra cá, fugindo das investidas de Bunda, enquanto caminhava pelas paredes e pelo teto do banheiro. Passou-se 12 horas e nenhum dos dois havia conseguido encaixar um único golpe, quando Kitonius, através de uma artinha que envolviam espelhos, um limão, 4 caixas de papellão e um barril de rum escrito “Tortuga”, acertou uma voadora na canela de Bunda, que descreveu um quase círculo no ar, caindo estatelado de nariz no azulejo do banheiro.

- Venci. - Disse o triunfante Kitonius.
- O caralho, você deixou esse lance de deus subir sua cabeça, tá demitido. - disse Bunda.

Kitonius foi embora chorando, Bunda havia vencido o mal, mas ainda não sabia o que Kitonius havia feito com sua criação, ainda que Ele temesse o pior.

Abriu o vaso sanitário rapidamente e constatou que todos estavam abraçados, cantando uma canção cujo refrão era “we are the world”. Bunda viu que aquilo era bom e deixou as duas criaturinhas que Kitonius criara continuarem vivendo em seu mundo. Como era felizes, por Ele.



Capítulo III
Por aí não, Kid, é mais pra baixo.


.Tetra
.Gama
.Ton
.Esparakatupiba
.Ékekéquêtápunkê

E então o homem inventou o futebol, mas sentia-se frustrado porque seu atacante, a pedra (que na verdade chamava-se Feldspato), havia abandonado o esporte para praticar uma modalidade de mergulho - pois sentia-se impelida a conhecer a entrada do abismo de Esgotum, a terra dos dejetos mortos. Feldspato era na verdade o melhor atacante, já que era capaz de arremessar-se contra o goleiro nocauteando-o. Frustrado, o homem começou a resmungar com a mulher, que soube prontamente cessar com a falação da boca do homem com a utilização da sua própria boca para a felação.

5 minutos depois do serviço da mulher, o homem continuou frustrado e foi dar uma banda pela Terra-Média. Refletia principalmente sobre a formação tática do futebol e como arranjaria seu time sem Feldspato, quando teve uma boa idéia: que tal se todos que jogassem tivessem pernas e fossem bípedes?

Dotado de resolução e muito tempo livre, o homem procurou pelos 5 cantos da Terra-Média pelos melhores jogadores de futebol. Primeiro tentou os chimpanzés, mas eles nunca obedeciam as regras e estavam sempre pensando em bananas. Depois tentou as zebras, ainda que vencesse sempre os times mais fortes (onde cunhou-se a expressão “deu zebra”), também sempre perdia para os mais fracos e foram dispensadas. Tentou também com as cobras, mesmo que não tivessem pés, mas elas jogavam rasteiro demais e na hora do cruzamento (o forte do time do homem) nunca alcançavam a bola. Tentou ainda tartarugas (por sua lentidão não favoreciam o contra-ataque), elefantes (jogo muito pesado), cabras (viviam cagando no gramado), ornitorrincos (sem comentários), cegonhas (eram todas umas marrecas), pulgas (deixava a torcida com a pulga atrás da orelha quanto à qualidade do time), ovelhas (tinham medo dos uniformes feitos com 100% de algodão), coelhos (comiam o gramado), touros (as mães deles eram todas umas vacas e não deixavam eles jogar), papagaios (reclamavam demais com o juiz e eram expulsos), leões-marinhos (tavam sempre pedindo água), pingüins (só jogavam no inverno), avestruzes (comiam a bola - no mal sentido, diga-se) e toda sorte de animal com patas. Mas nada funcionou.

Enquanto isso Bunda olhava a peregrinação diária do homem atrás de seu time e viu que, apesar de descender de Kitonius, o homem tinha algo de bom: era divertido ver sua frágil mongolice. Então Bunda, em Sua imensa sabedoria, falou ao homem:

- Homem, diga para a mulher parar de tomar anticoncepcionais e verás que seu time logo estará completo.
- Mas como? - Perguntou o homem.
- Verás. - Completou o enigmático Deus.

Assim o homem conversou com a mulher e em breve já tinha 10 filhos, o suficiente para completar seu time de futebol. Porém, com mais 10 bocas pra alimentar, não sobrou tempo pra jogar futebol. E, pior ainda, a mulher estava toda renga depois de ter os 10 pimpolhos.

Bunda riu-se da criação de Kitonius.



Capítulo IV
O universo é um enorme joão-bobo: depois de ir, é hora de voltar.


.Tetra
.Gama
.Ton
.Esparakatupiba
.Ékekéquêtápunkê

Bunda observara sua criação por tempo suficiente para ficar entediado, o que o fez refletir seriamente sobre a chegada do tempo do Ragnarok. Porém, aí teve uma idéia muito melhor, divertir-se com sua pequena Terra-Média. Primeiro deu umas cutucadas no continente com uma varinha para que sentissem tremores de terra os habitantes de seu pequeno mundo. Bunda viu que aquilo não era bom.

Mas em compensação era divertido pra caralho.

Então começou a lançar umas pedras de gelo, que se transformaram em verdadeiros icebergs e, quando inevitavelmente degelaram, fizeram o nível da água sanitária subir. Como Bunda era um gigante bondoso em seu papel de deus, logo retirou o excesso da água com uma caneca, o que ficou conhecido como ODQUACAMUSU - ou O Dia que as Cachoeiras do Mundo Subiram.

Já havia passado bom tempo na Terra-Média, a mulher e o homem já tinham tido 632 filhos e igual quantia de filhas, sem contar um par de gêmeos que desequilibrara a balança e foram, obviamente, sacrificados em homenagem a Bunda, o piedoso Deus que os salvou do Ragnarok de Kitonius.

Muitos dos irmãos haviam casado entre si e tido mais filhos, que ainda eram pequenos, e outros ainda tinham aderido ao hábito da bissexualidade - além de três ou quatro terem se dedicado, ainda que secretamente, aos complexos complexo de Édipo e de Electra. Bunda achava aquilo uma verdade animália, mas deixava prosseguir. Primeiro porque era engraçado, segundo que eram, de toda forma, criações imperfeitas de Kitonius.

Então chegou o dia em que finalmente a empregada de Bunda, uma giganta caolha e com um bigode de dar inveja a qualquer jamaicano criado no México, queria limpar o banheiro. Bunda deu-lhe ordem expressa de não tocar na privada (cabe ressaltar que, a essa altura, para não se cansar, Bunda havia desenvolvido um mecanismo eletrônico com 32 amarras, 56 velas e 11 roldanas que abriam e fechavam a tampa do vaso sanitário a cada 24 segundos, podendo abandonar durante breves períodos a Terra-Média sem causar estranhas alterações no tempo do dia e da noite de sua criação). A empregada caolha assentiu, prometendo que não tocaria no vaso sanitário de Bunda - o que em dias habituais diria graças a Deus, já que, como já mencionado, tu sabe como fede uma merda gigantesca represada por semanas em água parada?

Porém, logo que Bunda deixou o recinto - não sem antes lavar as mãos - e a empregada foi até o vaso, observou-o e sorriu de uma maneira matreira. Bunda não havia percebido, mas a empregada era na verdade o capoeirista Kitonius disfarçado, que, em sua imensa ganância e ciúme de seu antigo mestre, queria tomar conta da Terra-Média para si e ser ele venerado como deus.

Kitonius surpreendeu-se com a expansão dos seus descendentes diretos e riu-se, o homem e a mulher já eram dominantes na Terra-Média em número e em área. Kitonius não previra isso, mas, em sua imperfeição de deus secundário, havia calculado mal o tempo de vida e a quantidade de inteligência dos humanos, tornando-os quase uma praga sobre a Terra-Média. Kitonius havia dado muito de si mesmo para criar a primeira mulher, sendo que esta era praticamente uma semi-deusa - que diluiu seu sangue entre seus mais de 1000 descendentes, fora o molde do homem com material fornecido por Kitonius como presente.

Kitonius observou que a primeira organização hierárquica havia surgido: a primeira mulher, já em idade bastante avançada, ostentava um colar de pérolas de comando e era chamada de Prioresa, a primeira dentre as primeiras rainhas, que comandavam o céu, a terra, o ar e a água da Terra-Média - ou assim os humanos pensavam.

O matreiro capoeirista aproximou-se da Prioresa e cumprimentou-a:

- Muito bem, mulher, tem exercido minha representação muito bem sobre a terra maldita criado pelo maldito Bunda.
- Cai fora.
- Como ousa, mulher, falar assim com seu criador e senhor?
- Ninguém manda em mim, eu sou feminista, seu puto.

Desconcertado, Kitonius entendeu que sua criação o desprezara - e por isso teria de, inevitavelmente, pagar.

Como bom homem-gigante com o ego do tamanho de um deus ferido, fez a única coisa que a razão poderia considerar sensata: ficou bravo pra caralho, deu socos na parede, cabeçadas no teto e mordidas na própria testa. Quando olhou-se no espelho do banheiro, viu que sangrava e teve a idéia de espirrar seu sangue no vaso sanitário. Como havia zangado-se sobremaneira (por ser chineleado pela mulher e por ter se quebrado todo sozinho), seu sangue concentrou-se em ira furiosa e, logo que tocou a Terra-Média, deu origem a criaturas muito diversas da beldade da primeira mulher.

Surgiram criaturas bípedes rudimentares, mais feias ainda que o homem, cobertas de berrugas, cravos, espinhas, celulites, estrias, queimaduras, chifres e que gruninham muito e brigavam entre si - uma espécie de homem com TPM profunda e constante. As criaturas, com o sangue irado que tinham, só sabiam fazer uma coisa: quebrar tudo, comer pra caralho e cantar sem afinação.

Logo o castelo da Prioresa estava em chamas, enquanto ela era estuprada por não um, nem dois, mas três das criaturas recém formadas - a quem a Prioresa nomeou Sândalos do Oeste (e estes ficaram ainda mais bravos com o nome de maricas que ela havia lhes dado e quebraram tudo mais ainda, até que ela decidiu chamá-los simplesmente de Orcs, pois era a única coisa que ela conseguia gemer na dor do triplo-estupro simultâneo). E eles gostaram do nome, deixando por tanto a Prioresa em relativa paz.

O homem então, vendo sua mulher favorita (afinal era única e era uma Prioresa) subjugada, juntou sua imensa família, que formava uma imensa patuléia, e se retirou no leste selvagem e inexplorado e ali formou o primeiro reino do homem, ainda que triste sem sua mulher.

Os orcs passaram a dominar as terras do Priorado da Mulher, ainda que sem motivo aparente, aprisionando-a numa cela escura e fria, que havia no castelo dela para aprisionar alguma coisa que não cabe aqui mencionar neste momento. Com o domínio do Priorado, logo os orcs passaram a atormentar as outras raças, cortando árvores, matando animais e pichando muros - tudo isso movidos apenas pela raiva que inundava seu sangue.

Kitonius, debruçado sobre o vaso, virou-se rapidamente, assustado, após sentir que alguém tirara-lhe o mel por de trás.

- Kitonius, seu maldito, disfarçado como minha empregada, demito-o novamente. - disse o recém chegado Bunda.

Kitonius não protestou no momento, apenas sorriu e foi embora. Mais do que depressa Bunda ajoelhou-se sobre sua criação. Apenas uma lágrima escorreu-lhe no rosto.

E a lágrima caiu na Terra-Média.



Capítulo V
- Rumo ao oeste, jovens!

.Tetra
.Gama
.Ton
.Esparakatupiba
.Ékekéquêtápunkê

Triste com o que Kitonius havia feito a sua Terra-Média, Bunda deixou escapar uma única lágrima que caiu no vaso sanitário, especificamente em uma ilha, até então desabitada, a nordeste do Priorado da Mulher e logo ao norte do Primeiro Reino do Homem. A lágrima, impregnada de tristeza, piedade, consternação e, acima de tudo, amor, formou cinco criaturas muito parecidas com a primeira feita por Kitonius, porém, mais magras, altas e serenas. Na verdade, a maior diferença encontrava-se nas orelhas, pois estas criaturas tinham-nas estranhamente pontudas. Ao contrário da primeira mulher, feita pelo sub-deus Kitonius, as derivadas da lágrima de Bunda não tinham o desejo de cultivar a riqueza e a fornicação, mas sim proteger a Terra-Média com seu amor, já que este era o sentimento predominante de Bunda no momento.

Logo que levantaram-se, as cinco criaturas começaram a cantar uma linda canção, poderosa o suficiente para que a infértil e desabitada ilha em que se encontravam começasse a florir animais e nascer plantas, árvores e tudo o mais.

As criaturas então escolheram cada uma se chamar de uma forma diferenciada, pois estavam cansadas de serem chamadas de “criaturas”. O macho de longos cabelos dourados, quis chamar-se Tetra. O segundo macho, este totalmente careca a não ser por um rabo de cavalo negro que brotava acima da nuca, desejou chamar-se Gama. O terceiro e último dos machos, o que tinha a pele mais bronzeada apesar de possuir os olhos mais claros, quis receber a alcunha de Ton. Já as fêmeas, em contrapartida a simplicidade dos machos, decidiram por nomes mais complexos e cheios de significado e segredo ocultos. A ruiva de olhos igualmente vermelhos escolheu para si o nome de Esparakatupiba, que significava em sua língua “A estrela matutina da meia-noite que vem à tarde”. Já a morena com cabelo chanel (ainda que ninguém soubesse que diabos era “chanel”) preferiu Ékekéquêtápunkê, cujo significado aproximava-se de “Filha de deuses, deusinha é”.

Mesmo após escolherem seus nomes, parecia que algo lhes faltava, foi aí então que Bunda decidiu interferir, aproximou-se como pôde da pequena ilha e disse-lhes em tom grave:


- Maravilhosas criaturas, vejo que já escolherdes vossos nomes - o que é bom - porém, falta-lhes o principal para sua comuna: como sereis chamados perante os outros povos? Na Terra-Média existem os coelhos, os humanos, os orcs, os ornitorrincos, os cachorros, as ovelhas, os ursos, os sicopantas, os bifrostes, as pineclas, os urubus, etc, etc, etc, etc, etc e etc (como podem notar, há um bocado de povos chamados “etc”). Então, como vós sois as mais belas e perfeitas criaturas que eu criei e que há na Terra-Média, permitam-me a escolha de vosso nome. Eu, como vosso Deus e Criador, pelo extremo suingue que já demonstraram em sua primeira canção, nomeio vosso povo de Elvis, sendo cada um de vocês um elvi.

Não disposto a contestações, principalmente em relação ao Seu grande ídolo e rei do rock, Bunda retirou-se sem mais. E assim foi que as 5 criaturas passaram a ser chamados de Elvis, nomeando também a ilha em que viviam de Elvis das Lágrimas - onde viveram em harmonia com a natureza durante longos anos - já que eram imortais e não envelheciam fisicamente após os 25 anos.

Os Elvis dedicavam-se a várias artes além da música, como o arco e flecha e a cerâmica, e no meio tempo de uma atividade e outra, conseguiram arranjar espaço para criar uma intrincada relação social. Tetra era uma espécie de líder ou rei (que casou-se com Esparakatupiba, tendo 4 filhas), Gama era um excelente guerreiro, Ton era um imitador tão perfeito que podia se metamorfosear em qualquer coisa existente ou não (que com este truque conseguiu comer as 4 filhas de Tetra e as 44 de Ékekéquetápunkê, que eram também em parte suas próprias filhas), Esparakatupiba, além de esposa de Tetra, portanto meio que uma rainha, era uma feiticeira poderosa e Ékekéquetápunkê tinha o dom de acertar o alvo seja lá onde fosse, o que lhe conferiu 32 filhos e 44 filhas, tanto de Gama, quanto de Ton, que a disputavam em clima de amizade.

Assim viviam felizes o grande povo dos Elvis, até que Gama, que além de um excelente guerreiro era m construtor tremendo, fez um barco. Todos os Elvis foram ver a interessante criação de Gama, que levou a todos os presentes para dar um passeio. Mas Gama, apesar de bom artífice, não era lá muito bom condutor, e acabou perdendo-se no estreito Estreito de Nortel, que dividia o continente da Terra-Média com a Ilha de Elvis das Lágrimas, o que acabou levando o barco acidentalmente para o continente, desconhecido até então pelos Elvis.

No continente, como eram curiosos por natureza, decidiram explorar o local, enquanto cantavam uma de suas belas canções, um pouco antes de voltarem para o barco.

Intrigados com a bela canção que ouviram, os habitantes do Primeiro Reino dos Homens foram investigar quem eram os portadores de vozes tão belas. Logo que encontraram os Elvis, o Primeiro Rei Homem falou-lhes:

- Quem são vocês?
- Eu me chamo Tetra, líder do povo Elvis, humano. Somos criaturas superiores criados pela benevolência e amor de Bunda, o Grande.
- Acompanha-nos para uma cerveja, Tetra. - Respondeu o Homem cordialmente, não porque gostava ou reconhecia a suposta posição privilegiada dos Elvis, mas sim porque, apesar das orelhas pontudas, muitas elvis eram realmente gostosas pra caralho.

Jantando em uma mesa de 10 km2, os humanos do Primeiro Reino do Homem e os Elvis das Lágrimas discutiam e conheciam-se uns aos outros, até que finalmente o Rei falou, dirigindo-se a Tetra:

- Tetra, Líder dos Elvis, tens na tua corte umas fêmeas bem interessantes, estão elas pra game?

Após está corajosa afirmação, Gama, que além de guerreiro e artífice, era um pai ciumento, levantou seu machado de dois gumes ameaçadoramente, enquanto o resto dos súditos do Homem ergueram suas espadas em contrapartida. Eis que, um segundo antes da batalha explodir, Tetra subiu em cima da mesa e, com a mão brilhando tanto que parecia até em chamas, gritou:

- Parem! Nós os Elvis e os Humanos devemos ser irmãos, se não de sangue, de espírito. Rei Homem, sei de sua intenção para com as fêmeas de meu povo desde antes de vir aportar neste continente maldito. Minha esposa, A estrela matutina da meia-noite que vem à tarde, é uma grande feiticeira e, com seus poderes, acompanhamos ambos o seu padecimento e tristeza ao perder sua esposa, a Prioresa, que hoje jaz na mão dos terríveis Orcs do Oeste.

O Rei Homem então desatou a chorar, lembrando de sua única e querida esposa.

- Não se preocupe, Homem. Gama não sabe, mas foi a magia de minha esposa Esparakatupiba que o fez não apenas construir o barco, mas também “perder-se” da rota no passeio inaugural e vir parar aqui. Viemos ajuda-lo, Rei Homem. Viemos nós, os Elvis, formar a primeira aliança com o Primeiro Reino do Homem para destruir os malditos Orcs e recuperar a harmonia da Terra-Média.

O Rei Homem abraçou Tetra e, admirado com a sabedoria daquele povo nas questões do mundo, acreditou no discurso e imediatamente disse:

- Todo homem e toda mulher sobre meu reino capaz de pegar em armas deve agora formar suas provisões e apresentar-se amanhã pela manhã em frente ao castelo. Marcharemos junto dos Elvis quando o sol nascer rumo ao oeste, nossa antiga terra, para recuperar o que é nosso do julgo dos orcs!

E todos brindaram e gritaram e comeram e, quase todos, fornicaram.



Capítulo VI
Come on baby light my fire.

.Tetra
.Gama
.Ton
.Esparakatupiba
.Ékekéquêtápunkê

Imbuídos do mais puro espírito “vamos lá, gurias!”, as hostes do Homem e dos Elvis marcharam pela primeira vez em conjunto para o oeste, então Priorado da Mulher, hoje o pusilânime e poderoso Estado Anárquico Livre dos Orcs & Outros Selvagens (EALOS), estuprador de mulheres e conquistador barato (de terras). Enquanto marchavam, cada qual com seu estandarte ao vento, conversavam entre si os soldados, enquanto os generais, como o Rei Homem e Tetra, apenas miravam o horizonte, onde uma estranha fumaça crescia no horizonte.

A medida que chegavam mais próximos do EALOS, a fumaça parecia avançar sobre as hostes do leste, cobrindo-os e abraçando-os como se fossem duas asas negras, de tal maneira que, se olhassem pra trás (ainda que, pela coragem, não o tenham feito), não veriam outra coisa que não fumaça. O chão, antes verdejante, agora era lama, pedra e bosta (que vinha de uma erupção vulcânica recente). Muitas das árvores que até então circundavam aquele caminho tinham desaparecido e o único som que se ouvia era um corvo chato, a dizer:

Gréé, gréé.

Grééé.

Grééé, grééé.

Até que houve um barulho, mais ou menos como “vush”, depois “blurum”. Pronto, o maldito corvo havia sido silenciado por um dos arqueiros dos Elvis. Agora as hostes do leste poderiam continuar avançando em paz.

De repente, uma flecha cruzou os céus e atingiu um soldado da fileira dos homens, na verdade, Moisés, o Churumelas, que caiu estatelado no chão. Ékekéquêtápunkê que, por motivos escusos e indeclaráveis, estava entre o exército dos homens, arrancou a flecha de entre os dentes de Moisés, o Churumelas, pois viu que nela havia um papel amarrado com sisal e um tope vermelho. Imediatamente ela levou a flecha para Tetra, que estava à frente do estandarte dos Elvis, que consistia em um círculo com várias cores refletidas. Tetra desatou o nó feito com sisal e um tope vermelho, abriu o papel branco e leu em voz alta, as letras de uma caligrafia muito bem trabalhada:

“Parem agora, Homens e Orelhudos, ou recairá sobre vós toda a ira d´Aquele Que Não Se Pode Dizer o Nome.

Assinado: Os Orcs do Oeste Selvagem

PS: Quem é o orelhudo de cabelos longos e loiros?”

Ao terminar o “PS", que obviamente se referia a ele, amassou o bilhete e avançou, dizendo apenas “hunf”. As hostes do homem e dos Elvis o seguiram, determinadas e destemidas. Pelo menos até avistar o que estava pela frente.

Mais alguns metros de marcha e finalmente algo começou a aparecer no horizonte, além de fogo e fumaça: era uma grande torre iluminada, sem dúvida o antigo Castelo do Priorado da Mulher, a Fortaleza Rosa, que mantinha seu esplendor magnífico, apesar da fumaça que saia do topo de suas chaminés (?). O Rei Homem se ajoelhou e gritou: “eu juro, Mulher, ei de recuperar seu Priorado da infâmia que se abateu sobre vós”. O Homem estava realmente com saudade, e 32% do exército dele sabia exatamente o porquê. Afinal, eles também estavam e iriam lutar como leões, se eles soubessem o que fossem.

Logo após do desabafo do Rei Homem, uma trombeta soou. E ao longe se podia divisar um grande exército, realmente muito grande, tão grande que podia facilmente contar com mais de um zilhão de soldados. Quando se aproximaram, obviamente confirmou-se a visão de que eram Orcs e, pra delírio da massa, estavam em muito maior número do que as hostes dos Elvis e do Homem. E, pela gritaria que faziam, pareciam decididos a não negociar.

O Homem titubeou, mas Tetra não se mixou, chamou logo de uma vez Gama para o seu lado e berrou:

- CARGA!

E assim avançaram sobre os Orcs, que, responderam aos anseios do outro exército partindo para cima do inimigo como se não houvesse amanhã. A luta já durava 32 horas, quando o Rei Homem, Tetra, Gama, Ton, Esparakatupiba e Ékekéquêtápunkê se viram circundados por no mínimo 666 inimigos ferozes, enquanto todos os outros jaziam mortos ou haviam debandado ou estavam tomando chá.

- Nos fodemos! - disse o Rei Homem.
- Não sejas torpe, Homem. Não vês que tenho tudo sob controle. - Respondeu Tetra, com ar de desdém.
- Dificilmente 6 pessoas cercadas por cem vezes o número de inimigos é uma posição desejável e sob controle. - Retrucou o descrente Rei Homem.
- Assista e aprenda, CHANGEMAN ATIVAR! - Gritou Tetra.

Ao ouvir o código que tanto esperava, Ton, este que é conhecido mais por ser metamorfo do que por seus olhos claros e cabelo moreno, metamorfoseou-se em BOMBA H e arremessou-se contra os inimigos. Um cogumelo de fumaça ergueu-se no céu, onde até Bunda pode avistar e até ficar apreensivo. Cinco dias depois, já sem poeira, Tetra, Gama, Esparakatupiba e Ékekéquêtápunkê jaziam de pé e de braços cruzados a esperar, enquanto todos os outros inimigos estavam mortos e aniquilados no chão. O Rei Homem tremia no chão e, tão logo percebeu que não havia mais fumaça, levantou-se e perguntou intrigado:

- Então esse é o mundo dos mortos?
- Não, esse é o mundo dos vivos de Bunda, a Terra-Média, o bastião da liberdade. - Respondeu Tetra.
- Mas como podemos estar vivos após semelhante explosão que fulminou todos nossos adversários?
- Essa eu posso explicar. - Respondeu rapidamente Esparakatupiba - Graças a minha magia, eu nos protegi com um campo de força.
- E Ton, nosso salvador metamorfo?

Os 4 Elvis se entreolharam e alguém soltou um “ops”.


Capitulo VII
Pequenas empresas, grandes negócios.

.Tetra
.Gama
.Ton
.Esparakatupiba
.Ékekéquêtápunkê

Ignorando totalmente os ritos funerários de Ton, afinal, seu corpo havia provavelmente virado poeira após sua derradeira metamorfose em bomba H, os únicos sobreviventes da 1a Grande Batalha, os 4 Elvis e Rei Homem, foram em frente, rumo à masmorra da Fortaleza Rosa, onde jazia prisioneira a Primeira Mulher, a Prioresa. Não foi muito difícil adentrar na masmorra, já que todos os Orcs do EALOS haviam investido seus esforços na 1a Grande Batalha, esforços estes insuficientes em face da metamorfose bombástica de Ton.

Quando finalmente chegaram ao fim da masmorra, 12 andares a baixo do nível do solo, surpreenderam-se porque ali havia uma montanha de 50 metros de ouro puro e um grande túnel que parecia levar para um subsolo ainda mais profundo. Fora isso, não havia ali sinal nenhum de mulher nenhuma, ainda que se ouvisse um tilintar intenso vindo do túnel subsolar.

De repente, como todo o repente, sem aviso algum, a porta gradeada da masmorra cerrou-se e os 4 Elvis e o Rei Homem nada fizeram que não espantar-se ao descrever um semicírculo towards the door retirando apenas os dedos dos pés do chão e ver que quem havia fechado a cela era nada mais nada menos que uma mulher. Mas não uma mulher qualquer, era A Mulher, a própria prioresa, vestida com um vestido vermelho sangue. O Rei Homem foi o primeiro a falar, muito contente:

- Meu amor, destruímos todos os Orcs graças a ajuda inestimável dos Elvis, um povo pacífico que não se mixa em matar todos os injustos. Viemos liberta-la!

- Hahahaha, tolos, acharam mesmo que eu ainda estava presa aqui por aqueles tolos Orcs do Oeste Selvagem? Eu sou a Prioresa! Eu mando nesta josta!

- Mas como conseguiu te liberar, Mulher? - Perguntou o curioso Gama.

- Não está vendo todo esse ouro? Eu comprei de volta o Priorado que havia sido conquistado pelos Orcs. Felizmente não precisarei pagar minha dívida, já que vocês os mataram todos. - Respondeu a Prioresa.

- Matreira Mulher, como afinal conseguiu todo esse ouro? Nenhuma poupança rende tanto assim, mesmo a sua, que é uma beleza. - Disse Gama, sem ter qualquer palpite sobre a origem do ouro.

A Mulher sorriu e depois disse:

- Vocês acham realmente que eu desperdicei toda a meleca da criação criando apenas este energúmeno que me deixou sozinha, fugiu e proclamou-se Rei dos Homens? Eu sou filha D´Aquele Que Não Se Pode Nomear, eu sou muito mais esperta. Eu guardei um pouco da meleca da criação aqui na masmorra, pois era o lugar mais seguro da Fortaleza Rosa.

- Você usou a meleca da criação para fazer ouro? - Perguntou o Homem.

- Claro que não, seu estúpido. Criei uma criatura feita para escavar e procurar ouro. Eu criei....

Antes de terminar a fala, uma pequena criatura humanóide, da estatura de uma criança, mas entroncada como um hipopótamo, saiu do túnel.

- ... O ANÃO com o pequeno restinho da meleca da criação que sobrou! - complementou em tom de suspense a Prioresa.


Capítulo VIII
Filho de peixe, fede a peixe: parte 1

.Tetra
.Gama
.Ton
.Esparakatupiba
.Ékekéquêtápunkê

Gargalhou malignamente a Mulher, com Tetra, Gama, Esparakatupiba, Ékekéquêtápunkê, o Rei Homem e o Anão presos na masmorra da Fortaleza Rosa, hoje uma grande mina de ouro. Após três minutos de risadas, subitamente a Prioresa parou de rir, girou sobre seus calcanhares e, como diria um dos caras mais engraçados do Rio Grande, deu o PIRELLI.

Então, pela primeira vez, o pequeno e entroncado ser disse com uma voz de trovão:

- Hey, vocês são grandes demais pra caralho mesmo. Pelo sim ou pelo não, tem umas picaretas ali.

- Que que é o PINTOR DE RODAPÉ, vai me obrigar a CAPINAR pedra agora? - Disse, Gama, ameaçando-o com uma das picaretas.

A única reação do Anão foi se abaixar (se é que isso era necessário devido ao seu tamanho) e implorar misericórdia ao seu modo:

- Pelo amor de Bunda, por favor, não me mate! Pelo sim ou pelo não eu também sou prisioneiro.

Ao ouvir que o Anão era um fiel seguidor do verdadeiro Deus e que era um escravo da Mulher, combaliu a sua alma de guerreiro e disse:

- Quer dizer que tu também tá preso aqui?

- Pelo sim ou pelo não sim. Eu fui criado pela Mulher, não como filho, mas pelo sim ou pelo não como escravo. Desde que ela me moldou, com a reba da meleca da criação d´Aquele Que Não Se Pode Nomear, tudo que eu fiz foi cutucar pedra atrás de ouro. A Mulher diz que eu vou comprar minha saída daqui, mas ela sempre diz que falta mais ouro. Pelo sim ou pelo não acho que me fodi.

- E porque não usa essa picareta para fugir? - Disse Esparakatupiba, a feiticeira ruiva.

- Hm, pelo sim ou pelo não é uma boa idéia. Nunca tinha me ocorrido.

E então as picaretas da 2a Aliança Inter-racial começaram a soar estrondosamente, o que fez a Prioresa gostar do que ouvia, ainda que não soubesse que na verdade ninguém mais estava minerando, mas sim cavando um túnel rumo à superfície. Depois de 32 horas sem descanso, finalmente o sexteto bizarro conseguiu avistar a luz do dia. O Anão, agradecido por sua liberdade, antes de se despedir, disse apenas uma frase:

- Advirto-os que os filhos d´Aquele Que Não Se Pode Nomear são como ele.

E se foi, afastando-se até bastante rápido em comparação as suas perninhas.

Ékekéquêtápunkê olhou para Esparakatupiba e disse:

- Que diabos será que ele quis dizer?

- Quem sabe? Deve ter um cérebro proporcional ao seu tamanho. Como pode nunca pensar em usar as picaretas para fugir? - Respondeu e inquiriu Esparakatupiba.

- Isso também não importa mais. Derrotamos os Orcs do Oeste, vamos dar o fora. - completou Gama.

- Esperem, vocês nobres Elvis não vão me ajudar com a tirânica prioresa? - Disse o Rei Homem.

Todos se entreolharam, incrédulos que semelhante zarrão tivesse medo da sua mulher. Então, Tetra, em sua sabedoria, disse:

- Bom, se é necessário. Então ajudamos.

- É muito necessário! Vocês não sabem do que ela é capaz! Ela sabe todas as artes secretas do amor.

- Cimentemos então entre as pernas dela e tá feito o carreto.

- Ela tem a maldita boca de veludo!

- Tudo bem, ajudamos você, Rei Homem. Mas um conselho: não faça tanta propaganda.

- Ok.

- Certo, vamos pegá-la e destruí-la.


Capítulo IX
Filho de peixe, fede a peixe: parte II

.Tetra
.Gama
.Ton
.Esparakatupiba
.Ékekéquêtápunkê

Após a liberação da 2a Aliança Inter-racial do maligno calabouço do ouro eterno, não foi nada complicado para os Elvis Tetra, Gama, Esparakatupiba e Ékekéquêtápunkê, além do Rei Homem, invadirem a Fortaleza Rosa, já que os Orcs do Oeste, como dito há uns 3 capítulos atrás de maneira insistente, foram totalmente varridos da face da Terra-Média. Quando chegaram na porta da sala do trono da Prioresa, onde por certo a própria Mulher estava, ainda esperando o ouro que supunha desenterrar, Gama disse baixinho olhando diretamente ao Rei Homem (que ficou levemente arrepiado):

- Bom, essa é a sua luta Rei Homem. A Mulher é a sua mulher, você deve enfrentá-la sozinho. Faça com ela o que quiser, mas não a deixe dominá-lo novamente.

O Rei Homem, ao contrário do que a maioria esperava, não discordou e nem tremeu de medo. Apenas abriu a porta e gritou:

- Mulher, aqui vai o seu macho. - logo após, ele fechou a porta atrás de si, plenamente confiante.

Tetra, Esparakatupiba e Ékekéquêtápunkê se entreolharam incrédulos com a confiança do encagaçado Rei Homem, apenas Gama parecia não desconfiar da vitória do Homem sobre a Prioresa. Eis então que quebrando o silêncio, a voz de trovou de Tetra perguntou:

- Por que o sorrisinho, Gama?

- Aguarde e confie.

-- -- -- --

Enquanto isso se desenrolava, lá dentro, uma cena deveras previsível: a Mulher já estava agachada, pedindo clemência ao Homem, em mais uma de suas matreiras artimanhas herdadas de Kitonius, o capoeirista. Ela sabia que sua criação, o Homem, que agora dizia-se Rei, jamais resistiria à chupadinha.de seus lábios de Primeira Mulher. O Homem, aparentemente já rendido aos prazeres, apenas sorria e a deixava seguir.

Quando a Prioresa abriu o zipper da armadura do Rei Homem, se deparou com o inesperado: ele estava usando um cinto de castidade. Ninguém sabia, mas o guerreiro-inventor-e-multi-instrumentista, Gama, havia confeccionado-lhe um protetor peniano para que não sofresse da hipnose cacetística que o tornava tão suscetível ao julgo da Mulher. Então ele disse:

- Prioresa, ou devo dizer, minha escrava, agora eu mando, eu sou o Rei. Por todos os seus crimes, irás morrer. Eu a jogarei na praia e ficarei me divertindo enquanto você afunda. Do barro você veio e como barro afundará.

- E quem vai dar pra você, seu mané? - retrucou ela, confiante.

- Gama, o bonitão da espada de dois gumes, me ensinou outras coisas, tolinha. - disse o Rei Homem, revelando-se para a pederastia passiva.

Então o Rei Homem agarrou a mulher pelos cabelos e a conduziu até as margens do mar do sul. Lá, junto com os Elvis, que apenas assistiam, jogou a mulher o mais longe que pode, com 50 toneladas de concreto atadas aos pés dela. Era o fim definitivo do Priorado da Mulher e a ascensão, talvez nem tão definitiva, do Reino do Homem.

Gama e Ékekéquêtápunkê decidiram ficar nas terras do Rei Homem, por algum motivo que ninguém sabia, a exceção de Esparakatupiba. Esta última, junto com seu marido Tetra, deicidram voltar para as longínquas terras do Nordeste, para seu merecido repousa na Ilha dos Elvis.

-- -- -- --

Bunda, o criador, lá de cima do vaso sanitário, olhava o desenrolar da sua criação, orgulhoso, porém com um peso no coração. Havia um distúrbio fedorento no vaso-Terra-Média. Certamente algo mais estava por vir.



Capítulo X
Filho de peixe, fede a peixe: parte III e finaleira

.Tetra
.Gama
.Ton
.Esparakatupiba
.Ékekéquêtápunkê

Depois de muito tempo de guerras e angústias e tiranias etc, tudo era paz na Terra-Média, e Bunda viu que isto era bom, não interferindo nem para o bem nem para o mau, mas apenas mantendo o equilíbrio das coisas. No Reino do Homem, o triângulo amoroso entre o Rei Homem, Gama e Ékekéquêtápunkê era na maior parte do tempo feliz, às vezes transformando-se em um círculo vicioso e, devido ao esporádico ciúme, era um verdadeiro quadrado careta. Tudo ia bem também na Ilha dos Elvis, onde Tetra e Esparakatupiba tiveram mais uma centena de filhos e filhas para repovoar a Ilha, pois todos os habitantes dali haviam morrido na 1a Grande Batalha pela Fortaleza Rosa - a exceção de Gama e Ékekéquêtápunkê, que prefiriram ficar na Fortaleza Rosa, desta vez rebatizada de Castelo Barbie pelo recentemente afeminado Rei Homem.

Gama e o Rei Homem, em real atitude frescaraite, jogavam frescobol no litoral, justamente no spot onde a Prioresa havia sido afogada pelo seu ex-marido e ex-escravo sexual, o Rei Homem. Gama, o ativo da relação, rebateu a bolinha para o mar de propósito, para ver a bunda gorda do Rei Homem que devia buscá-la. As ondas faziam seu próprio frescobol mexendo a bolinha pra lá e pra cá, até que finalmente o Homem alcançou a bolinha e a agarrou firme. De repente ele desapareceu na água, como se tivesse sido tragado por um redemoinho. Gama o procurou por breve instantes, mas logo o Rei Homem emergiu, sorrindo e com a bolinha na mão. O Rei Homem arremessou a bolinha longe e disse.

- Pega, quando você voltar será um elvi mais feliz.

E Gama foi, porém, após capturar a bolinha, o Rei Homem já não estava mais lá. Então Gama foi procurar a insaciável Ékekéquêtápunkê.

-- -- -- --

Tetra notou que sua esposa Esparakatupiba, A estrela matutina da meia-noite que vem à tarde, estava profundamente consternada e então, como bom marido, decidiu perguntar-lhe:

- Que que eu fiz desta vez?
- Não foi você, Tetra. É que há algo estranho. - respondeu Esparakatupiba.
- O que eu preciso fazer então? - disse o sábio Tetra.
- Já disse, não é você. É o mundo! - disse Esparakatupiba.
- Quer que eu te compre alguma coisa?

Sem dizer uma palavra, Esparakatupiba retirou-se para sua sala de meditação. Tetra sabia que aquela noite provavelmente nenhum filho seria gerado e concluiu ainda com apenas mais dois pensamentos “maldita TPM” e “que horas começa mesmo o jogo?”

-- -- -- --

Após Ékekéquêtápunkê e Gama mandarem ver, ainda deitados seminus, a porta escancarou-se rapidamente. Era a maga Esparakatupiba, vestida com um manto marrom cujo capuz cobria-lhe parcialmente os olhos. Ela falava em seu tom místico mais solene:

- Gama, Gama, o tempo para a fornicação acabou. Há um distúrbio na Terra-Média. Eu previ, o Ragnarok está próximo demais e só com vossa ajuda poderemos evita-lo. Levantai-vos, Gama. Não há tempo a perder. Vos sois um grande inventor, é preciso que cries um novo barco. Porém, não um barco para a água, mas um barco capaz de navegar fogo e enxofre, um barco mais leve que uma pena, um barco que suba até os céus na morada de Bunda para que eu possa convence-lo a deixar o Ragnarok para além do amanhã.

- Se é minha irmã que pede, então começarei o projeto agora mesmo. - Respondeu Gama, levantando-se de um salto, deixando a espada balançando.

Gama trabalhou 8 dias sem parar nem para dormir ou dar umazinha, até porque nem Ékekéquêtápunkê, nem o Rei Homem o procuraram (ou sequer o viram) nesse meio tempo. Apenas Esparakatupiba permanecia ao seu lado, quase o tempo todo, mas não o tempo todo. Algumas vezes começavam pequenos diálogos, como:

- Você devia tomar um banho, está fedendo. - Dizia Gama.
- Continue o projeto, Gama. - Respondia Esparakatupiba.

Ou:

- Onde diabos está Tetra? - Dizia Gama.
- Precisou resolver outros assuntos urgentes. - Respondia Esparakatupiba.
- Mais urgentes que o Ragnarok, o dia em que todos serão culpados e tragados para o Esgotum, a terra dos dejetos mortos?
- Trabalhe, Gama.

Até que finalmente ficou pronto o que Gama batizou de “espaçobarco”. Parecia um barco comum, se não fossem por um par de asas revestidas com penas de andorinhas africanas e européias e um par de turbinas ou algo assim que liberava metano para impulsionar o “espaçobarco”. Percebendo que estava pronto o “espaçobarco”, Esparakatupiba pegou seu arco, retesando a corda enquanto apontava para a cabeça de Gama, e disse-lhe:

- Gama, seu tolo! Acabas te construir o instrumento do Raganarok. Com ele, eu irei até os céus e, fazendo o papel de deusa que sou, puxarei a corda da descarga para acionar o Ragnarok que tragará toda a Terra-Média para o Esgotum, a terra dos dejetos mortos, atual lar de meu mestre Kitonius! - e riu-se toda malignamente, como se dissesse “muahahahahahaha”.

Surpreso, Gama respondeu:

- Esparakatupiba, como pode falar assim? Nosso senhor é Bunda, o criador. Kitonius é um maldito impostor, farsante e matreiro. Ele que criou a Prioresa e os Orcs do Leste, ele criou tudo de ruim!

- Você é mais tolo que eu pensava, Gama. Eu não sou Esparakatupiba. Eu sou a Prioresa ressurgida!

- Quê? Como é possível? Eu vi você se afogando com toneladas de concretos nos pés, sua piranha!

- Eu viajei por horas pelas veias do universo até chegar a Esgotum, a terra dos dejetos mortos. Lá, meu criador, Kitonius, o matrareiro capoeirista, apenas aguardava o momento da minha chegada para me reanimar, injetando nova meleca da criação em minha matéria e me fazendo mais poderosa. Com o upgrade que ele me deu, pude assumir a forma de outras pessoas. Foi assim que matei e tomei o lugar do Rei Homem, afogando-o, como ele mesmo fez a mim, ao tentar pegar sua bolinha de frescobol no mar. E foi assim que matei Ékekéquêtápunkê, fingindo-me de você e apunhalando-a pelas costas nos dois sentidos. E é assim que matarei você, seu imbecil! Muahahahahahaha! - Terminou de dizer a Prioresa, metamorfoseando-se no que ela realmente havia se tornado, uma caricatura da beleza que possuía, totalmente costurada e cheia de cicatrizes que lembravam um mapa rodoviário cheio de intersecções ou alguém que havia pegado fogo e tinha sido apagado a tamancadas de chumbo.

De repente, não mais que de repente, uma das mãos da Mulher soltou-se e a flecha atravessou os pulmões (os dois) de Gama, que ali mesmo expirou. Ela sorriu e andou em direção ao espaçobarco, quando de repente tomou um RAPA, caiundo de queixola no arenoso solo litorário. Quando levantou-se, viu que ali estavam seus inimigos mortais, Tetra, o sábio, e a verdadeira Esparakatupiba, a feiticeira. Esta última foi a primeira a falar após o breve silêncio, apenas perturbado pela trilha sonora do Kill Bill:

- Achou então que podia vencer, seu monte de meleca do impuro Kitonius, o serviçal de Bunda?

- Não seja tola, vocês não podem me vencer. - Disse a Mulher ao entrar no espaçobarco e decolar rapidamente.

Enquanto o espaçobarco ganhava os céus e diminuía de tamanho, Esparakatupiba sentou sobre seus pés e meditou em voz alta:

- Ó Bunda, Criador de tudo e de todos, ouça Tua fiel filha, descendente do Teu puro malte escocês, rebenta das lágrimas da Tua salvação, indigna de Tua misericórdia, pastora do Teu mundo, ouve Tua serva que faz essa prece em Teu nome. Por favor, Bunda, faça com que a filha de Kitonius, Teu servo, não consiga provocar o Ragnarok.

Ao terminar seu cântico, imediatamente tudo começou a ficar escuro e veio, de repente, a noite que tudo cobre com seu breu. Como, fisicamente falando, a Terra-Média é um vaso sanitário, e a sensação de dia e noite é uma ilusão, respectivamente quando a tampa está aberta a lâmpada do banheiro ilumina e faz o dia e quando a tampa está fechada é noite, quando veio a noite por intervenção divina de Bunda, o espaçobarco alcançou sua altura máxima e bateu na tampa do vaso. Uma grande explosão foi ouvida, destruindo o espaçobarco e fazendo um buraco circular na tampa do vaso. Tetra e Esparakatupiba viram aquilo e resolveram batizar o pequeno círculo de luz que invadia a noite de Lua de Prior.

Passaram a noite inteira rezando, até que finalmente veio o dia e a Terra-Média, salva da terrível Prioresa, pode continuar vivendo até o dia em que Bunda convocaria o Ragnarok.

E assim terminou a Primeira Era da Terra-Média.