Há um tempo atrás, em algum desses portais de literatura cujo nome sinceramente não me recordo, havia uma promoção: fazer um parágrafo continuando um trecho de um livro do Luís Fernando Veríssimo. Acho que o prêmio era ganhar o próprio livro do LFV, não estou certo também. Esses dias achei o arquivo com minha contribuição, então ei-la (a parte em itálico é do próprio LFV, se não ficou óbvio):
Contam os antigos que há muitos anos, antes mesmo do Eskibon e do Jajá, quando Copacabana ainda era uma praia e não um deserto que acabava no mar, quando ainda havia os postos pintados de branco e calçadão era um sapato grande, um rapaz, um dia, encontrou uma concha à beira-mar. Era no tempo em que ainda havia conchas, e não bisnagas de plástico, à beira-mar.
Conchas têm uma função óbvia: colocar na orelha e ouvir o som do mar. Talvez servir como ornamento em uma geladeira, ao lado de um pingüim. Mas não essa concha. Acontece que essa era uma concha especial, pois nele se podia ouvir o futuro. Por exemplo, se Pero Vaz de Caminha a tivesse colocado junto ao ouvido, poderia ter alterado a famosa frase em sua carta para: “Nela em se elegendo, tudo dá!” Mas deixemos de especulação. Digo especulação, porque não podemos saber ao certo o que o rapaz do primeiro parágrafo ouviu ao posicionar a concha perto do ouvido. Mas não deve ter sido algo lá muito importante, já que largou a concha casualmente na areia e disse decepcionado:
- Essa está com defeito.