janeiro 25, 2008

Neuromancer (Willian Gibson)

“Nossa, então dá pra fazer isso com um livro?” - foi uma das primeiras coisas que eu pensei ao entrar na trama desse livro.

Neuromancer é um livro que te suga para o mundo bizarro dele. O livro se passa em um futuro não tão distante, onde uma tecnologia muito mais avançada está disponível e o limite entre homens e máquinas não é mais tão claro, por exemplo, é muito comum encontrar pessoas com implantes cibernéticos ou chips malucos que lhe dão conhecimentos ou habilidades diversas.

Neuromancer é um livro icônico do gênero cyberpunk, uma espécie de ficção científica hardcore. Enquanto os gêneros de ficção científica “pré-cyberpunk” focavam muito mais em como a tecnologia iria comandar / melhorar / organizar / etc a vida das pessoas, em Neuromancer a relação é totalmente oposta: qual seria a interação das pessoas com essa tecnologia. Muito mais humano. E muito mais provável. O que você pensa que seria mais provável:

a) a sociedade ser organizada em perfeita vigilância e dentro da lei por supercomputadores inteligentes; ou
b) a sociedade ser dominada por grandes corporações que vendem tecnologia para deixar as pessoas com poderes especiais, mais bonitas, com drogas mais loucas e experiências sexuais ampliadas?

O mundo de Neuromancer é isso aí, é um emaranhado caótico de redes, fios, chips, máquinas e a velha e boa capacidade humana de transformar tudo que toca em violência, desequilíbrio social, prazer e lixo.

O livro conta a história de Case, uma espécie de hacker freelancer que é contratado para realizar uma invasão dita “impossível” por um misterioso homem cujas alianças são desconhecidas. O próprio “herói”, Case, é um anti-herói total: marginalizado, drogado e que só entra na aventura porque não tem outra escolha, ou é isso ou ele morre. A aventura em si é desconhecida, ninguém sabe ao certo pra que as coisas estão sendo feitas e qual serão as conseqüências disto - mas com certeza ninguém quer salvar a humanidade ou qualquer coisa maravilhosa do gênero, cada um quer livrar o próprio rabo e só, se possível lucrando alguma coisa.

Gibson é tão importante que cunhou o termo “ciberespaço”, que hoje é usado como sinônimo de internet, e foi o cara que popularizou o termo “matrix”. Isso mesmo, “matrix”, aliás, a influência para o filme é gigantesca, há inclusive uma cidade espacial chamada “Zion” habitada por rastafaris.

Pessoas que morrem e têm a personalidade gravada em um computador, chips que se conectam a cabeça, inteligências artificiais tentando agir sobre a humanidade, uma rede que une todos os computadores do mundo em uma massa de dados malucos, hackers que se conectam por computadores pela cabeça, implantes cibernéticos sobre-humanos, clones assassinos, está tudo lá em Neuromancer. E tudo isso escrito nos anos 80.

Claro, justamente por ter sido escrito nos 80 há alguns “problemas” tecnológicos, como pessoas usando “disquetes”, memórias RAM extremamente baixas, computadores portáteis nem tão portáteis assim, enfim. Mas isso é irrelevante, o que importa é que Gibson redefiniu a ficção científica e influenciou uma porrada de coisas, inclusive obviamente “Matrix”.

Não sou muito de dizer que algo “precisa” ser feito, mas definitivamente Neuromancer é um livro que qualquer fã de ficção científica precisa ler.

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