fevereiro 04, 2007

Os tolos morrem antes

Mario Puzo. Ponto final. Com todos os méritos que eu adoro e todos os deméritos que porventura queira descrever, mas eu não os vejo de toda forma. Típico thriller dele - e de maneira nenhuma desmereço isso, principalmente porque eu A-D-O-R-O.

Os Tolos Morrem Antes é um romance que se passa nas ambientações recorrentes do escritor d'O Poderoso Chefão: Nova Iorque, Las Vegas (é impressão minha ou ele é obsecado com o "Xanadu"?) e Los Angeles (especialmente o mundinho Hollywood), e trata dos assuntos também recorrentes na sua obra: jogo em Las Vegas, ligação do jogo com a Máfia (sutilmente apenas) e o mundo hollywoodiano e suas estrelinhas malucas. Nada mais natural, Puzo adorava jogar, era descendente de sicilianos, cresceu num desses bairros italo-americanos com presença forte da Máfia - o Hell's Kitchen -, e escreveu roteiros para cinema, não só O Poderoso Chefão, mas Superman I e II, Terremoto e sabe-se lá mais o quê.

A história é centrada em John Merlyn (o narrador, arrisco, alter ego de Puzo), um órfão que se torna escritor, ronda Las Vegas e suas figuras bizarras, acaba escrevendo (e odiando) um roteiro do seu próprio livro para Hollywood, onde arranja uma amante bissexual, e mais um monte de coisas que revelam muito sobre sua visão sobre a vida e relacionamentos. No fim, ele é um dos únicos que acaba vivo, afinal, ele é "Merlyn, o mágico", mas outros (os tolos?) também têm papel de destaque, como é o caso de Cully "Contagem", típico vigarista de Las Vegas; Osano, escritor intelectualóide malucão que ama demais as mulheres e passa a vida escrevendo para ganhar o prêmio Nobel; Janelle, estrela segunda classe de Hollywood e outros tantos coloridos personagens.

Recomendo fortemente pra quem gosta de Mario Puzo, mas não quer livros sobre máfia. É mais um livro sobre a vida - e, claro, sua conseqüência: a morte - e o relacionamento entre homens e mulheres, foda e amor, traição, feminismo e tudo isso aí. Me diverti, gostei e recomendei, agora, cabe a ti decidir.

Como última nota: não gostei da capa dessa antigosa versão brazuca, uma mesa de dados definitivamente não descreve a coisa toda. Não achei uma foto da capa que falo no google e tão pouco vou me dar ao trabalho de fotografá-la.