agosto 31, 2006

Sonho de uma Noite de Verão (ok, Inverno)

Já confessei aqui e ali, lá e acolá, que jamais tinha lido Shakespeare - e nessa quarta não me arrependi nem um milímetro disso. Tem coisas que são feitas para serem vistas, não lidas - e Shakespeare é uma delas.

A montagem de Hamlet, dirigida por Luciano Alabarse, apesar de ser a mais conhecida das peças do inglês, pela primeira vez no Rio Grande do Sul foi exibida com o texto integral (quer dizer, não a primeira vez, já que essa mesma montagem estava antes no Theatro São Pedro e no Renascença), mas, pô, vale como primeirona.

Amei.

Os atores deram um show à parte. Quanto poder sai das palavras dessa gente. Não é estranho como os atores conseguem, em um instante, ficarem pálidos e se pôr a chorar - por absolutamente nada? E como decoram um texto tão complexo? Impressionante, principalmente Evandro Soldatelli, que fez o próprio Hamlet, entre um perdigoto e outro, não parava um segundo de disparar milhões de frases complexas e sarcásticas, alucinadas, delirantes, desesperadas e, claro, sensatas.

Preciso ir mais no teatro, só não vou porque não é todo dia que temos Shakespeare tão bem representado - em geral, apesar de ótimos atores, aqui no RS só temos comediazinhas xaropes de repeteco pastelão que já vimos ou nos 3 patetas ou em sitcoms famosos, quando não na própria Globo.

Nada contra a comédia, elas até são boas, mas uma hora cansa.